Uma das dúvidas mais comuns sobre a vida no Uruguai diz respeito a empregos.
Muita gente quer saber como é na área X, quanto é a média salarial, como estão as oportunidades, se dá para viver bem trabalhando de tal coisa, etc.
É difícil responder essas questões com precisão, primeiro porque não tenho tempo para avaliar o mercado em todas as profissões para todo mundo que pede; segundo porque depende da sorte e CV de cada um; terceiro porque há fatores subjetivos nessa história, aquela coisa do parâmetro pessoal para definir o que é bom ou ruim.
Em linhas gerais, encontrar emprego no Uruguai não é difícil, difícil mesmo é encontrar emprego que ofereça uma remuneração superior a 20 mil pesos líquidos quando se é estrangeiro e recém chegado.
Portanto, jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver um salário acima dessa média.
Portanto, jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver um salário acima dessa média.
Basicamente o caminho que 8 em cada 10 brasileiros traçam quando chegam aqui sem contatos ou contrato de trabalho prévio, é iniciar no mundo das empresas de call center que prestam serviços de atenção ao cliente em português.
Há bastante oferta e constantemente estão buscando gente (até porque o índice de rotatividade nesses empregos é altíssimo). Logo, se você tiver procurando 'qualquer coisa' acredito que em menos de 2 ou 3 meses você estará empregado.
Há bastante oferta e constantemente estão buscando gente (até porque o índice de rotatividade nesses empregos é altíssimo). Logo, se você tiver procurando 'qualquer coisa' acredito que em menos de 2 ou 3 meses você estará empregado.
Mas aí entra essa questão do critério, é isso que você quer para sua vida? Não era o que eu queria para a minha. Cheguei cheia de esperança, com o coração aberto para fazer qualquer coisa até ter uma base para encontrar meu lugar ao sol.
Acontece que o tempo passava e o tal lugar ao sol não chegava, por mais que tentasse não conseguia sair desse mundo de atenção ao cliente e a sensação era que estava sujeita a trabalhar com português para o resto da vida no paisito, independente do que fizesse ou tivesse estudado.
E francamente, isso era frustrante! Frustante porque no meu caso sabia que não estava aqui de passagem curtindo um ano sabático, sabia que podia render muito mais e sabia que tinha as ferramentas necessárias - conhecimento, formação - para estar desempenhando outras funções.
E francamente, isso era frustrante! Frustante porque no meu caso sabia que não estava aqui de passagem curtindo um ano sabático, sabia que podia render muito mais e sabia que tinha as ferramentas necessárias - conhecimento, formação - para estar desempenhando outras funções.
Só permaneci aqui porque tive apoio emocional e financeiro, pois apesar da dificuldade na vida profissional, as outras experiências que estava vivendo me davam um certo equilíbrio. Eu não tinha uma família para sustentar, tinha tempo e meios para esperar o jogo virar.
A gente sabe que cada caso é um caso e que a sorte de Chico não é a de Francisco, mas não acho tão simples estrangeiros conseguirem oportunidades no Uruguai na sua área de formação.
As pessoas sempre querem saber como é na área "X", mas de acordo a realidade que vivo aqui, observo que o problema não é a falta de trabalho em si, claro que é preciso entender que estamos falando de um mercado pequeno e com ofertas mais restritas, mas o que me incomoda mesmo é falta de oportunidade, é sentir pouca abertura para mostrar seu valor.
Eu devo ter mandado centenas de cvs para distintas empresas/cargos nesses anos, mas o que não envolvia "português" eu não recebia nenhum retorno, se o trabalho não tinha o idioma como requisito eu era descartada antes mesmo de chegar a uma entrevista e poder vender minhas habilidades. Conviver com essa limitação do mercado e manter a serenidade é bem difícil.
Mas hoje está melhor do que 3 anos atrás, por exemplo. Hoje, num universo de 20 brasileiros que eu conheço morando no Uruguai, já posso citar 2 ou 3 que conseguiram trabalho independente dessa relação direta com o idioma, ou seja, empregos que não precisam do português, que não são para trabalhar em negócios de brasileiros ou com/para brasileiros.
Eles conseguiram um emprego no Uruguai como uma pessoa daqui simplesmente conseguiria, parece tão simples a ideia de 'morar num lugar- trabalhar no que eu sei fazer', mas quando a gente avalia vê que essa trajetória requer um pouco mais de cuidado e paciência.
Há áreas que tendem a oferecer melhores oportunidades, como TI, comércio exterior e engenharia em geral.
As pessoas sempre querem saber como é na área "X", mas de acordo a realidade que vivo aqui, observo que o problema não é a falta de trabalho em si, claro que é preciso entender que estamos falando de um mercado pequeno e com ofertas mais restritas, mas o que me incomoda mesmo é falta de oportunidade, é sentir pouca abertura para mostrar seu valor.
Eu devo ter mandado centenas de cvs para distintas empresas/cargos nesses anos, mas o que não envolvia "português" eu não recebia nenhum retorno, se o trabalho não tinha o idioma como requisito eu era descartada antes mesmo de chegar a uma entrevista e poder vender minhas habilidades. Conviver com essa limitação do mercado e manter a serenidade é bem difícil.
Mas hoje está melhor do que 3 anos atrás, por exemplo. Hoje, num universo de 20 brasileiros que eu conheço morando no Uruguai, já posso citar 2 ou 3 que conseguiram trabalho independente dessa relação direta com o idioma, ou seja, empregos que não precisam do português, que não são para trabalhar em negócios de brasileiros ou com/para brasileiros.
Eles conseguiram um emprego no Uruguai como uma pessoa daqui simplesmente conseguiria, parece tão simples a ideia de 'morar num lugar- trabalhar no que eu sei fazer', mas quando a gente avalia vê que essa trajetória requer um pouco mais de cuidado e paciência.
Há áreas que tendem a oferecer melhores oportunidades, como TI, comércio exterior e engenharia em geral.
É importante também levar em conta que a mudança para o Uruguai não é uma mudança de bairro ou Estado, para exercer sua profissão legalmente é preciso estar com o diploma revalidado e esse processo demora facilmente um ano (demora, é burocrático, mas não é impossível, a Vanessa que colaborou no post de Outras Histórias de Brasileiros Morando no Uruguai, é um exemplo de brasileira que conseguiu ter o título reconhecido pela Udelar, agora ela já pode trabalhar como psicóloga no Uruguai).
Claro que há casos e casos, um profissional de TI vai conseguir trabalho sem a necessidade do título pela demanda de mercado e características da área, mas um profissional de saúde conseguir burlar essa exigência é bem complicado, né? Imagina se uma clinica séria vai arriscar contratar médico, enfermeiro, dentista sem o título?
A boa notícia é que nosso bloco econômico Mercosul está publicando normativas e resoluções para a revalida direta de diplomas de determinadas profissões, o que quer dizer que esse processo será muito mais simples e curto no futuro. Mas daí a ver os empregadores e recrutadores incorporando esse sentido de união latina e intercambio de profissionais no dia a dia são outros quinhentos.
Depois tem um tema que pouca gente dá atenção: o espanhol. Sim, minha gente! Não tem essa história de é parecido, é fácil e não rola querer um emprego bacana com portunhol, com "entendo mais ou menos" ou "se falam devagar consigo me virar".
Isso não quer dizer que a pessoa tem que chegar aqui com um espanhol perfeito e não cometer erros, mas é preciso levar a sério essa questão do idioma e saber se articular, manter uma conversa formal numa entrevista, por exemplo.
Isso não quer dizer que a pessoa tem que chegar aqui com um espanhol perfeito e não cometer erros, mas é preciso levar a sério essa questão do idioma e saber se articular, manter uma conversa formal numa entrevista, por exemplo.
Sem a fluência no espanhol é muito complicado conseguir algo na própria área de formação, já para empregos com requerimento de português é até possível conseguir a vaga no embromation.
Mas, não custa refletir, você dono de um escritório/empresa contrataria alguém - seja para o cargo de gerente ou de secretária - caso não pudesse se comunicar razoavelmente?
Em relação a remuneração, não vejo um cenário de grandes salários (claro que há altos cargos executivos em multinacionais que pagam maravilhas, mas é um caminho longo, pouco provável encontrar um imigrante aos 30 anos ocupando um cargo desse). Um salário líquido de 35 mil pesos já pode ser considerado uma remuneração muito boa, ganhar 50 mil pesos líquidos sendo empregado não é a coisa mais comum, fique muito feliz se receber uma proposta desse nível.
Aí você quer saber se contando com essa média de 12 a 20 mil pesos que o 'mercado português' oferece dá para viver bem em Montevidéu ou quanto seria suficiente para levar uma vida boa na cidade. Olha, de novo depende do seu critério do que é bom ou ruim.
No padrão de vida que eu tenho, se fosse para morar sozinha - e pagar contas sozinha - ganhando 20 mil pesos seria impossível. Também não dá para pensar em sustentar uma família - mulher e filho(s) - com essa grana, mesmo vivendo apenas com o básico.
Agora se você pensa em dividir casa e contas no esquema estudante/intercambista/casal sem frescura, esse valor dá para passar o mês. Já morar sozinho só será possível dependendo das suas escolhas, fica apertado, bem apertado eu diria, mas com sorte dá para alugar um monoambiente no Centro (seria uma kitnet pequena de 20 ou 25m²) e se virar com uns 18, 20 mil pesos por mês.
A dica é fuçar os sites com ofertas de imoveis, trabalho, mercado, lazer, os posts da categoria Viver no Uruguai aqui do blog e ir tendo uma noção do que se encaixa nas suas necessidades.
Analisando friamente, tentar a vida no Uruguai não é tão fácil como parece quando lemos as notícias sobre o país nos jornais ou quando estamos aqui numa tarde de passeio pela rambla, mas pode ser uma experiência prazerosa.
Eu acredito que deve ser uma decisão pautada muito mais em fatores como viver num lugar mais tranquilo, um lance de identificar-se com a cultura e curtir novos ares do que uma busca por novas oportunidades de trabalho ou construção de uma carreira de sucesso.
Infelizmente não tenho como definir como será a história de cada um que pensa em aventurar-se em terras charruas, não pude prever nem minha própria história rs, muita coisa aconteceu diferente do que eu tinha planejado nessa questão trabalho no Uruguai, mas ainda assim aqui estou e só posso desejar que vocês tenham muita sorte e dedicação nos próximos passos.
Abraço! :)
Atualização:
O post rendeu muitos e-mails que não consigo responder com a atenção que gostaria, então para facilitar vou deixar minha opinião sobre as dúvidas mais comuns que surgiram:
- Sou formado na Universidade X, trabalhei na empresa Y, será que consigo algo melhor?
Eu não consigo prever, gente! O que posso dizer é que a falta de oportunidades não está necessariamente ligada a um CV pobre, é claro que quanto melhor o seu CV, mais ferramentas para gerar chances você terá.
Os exemplos que tenho no meu meio são de pessoas com formação em universidades de qualidade, tanto públicas quanto privadas, ainda assim a dificuldade para encontrar trabalho se fez presente na trajetória da maioria e é um detalhe a ser levado em conta.
- Quero morar aí, mas não quero passar necessidade. O que eu faço?
A remuneração dos empregos do 'mercado português' gira em torno de 12 a 20 mil pesos. Não tenho como dizer se cada um vai conseguir algo diferente, na própria área de formação ou que pague mais do que isso, ou ainda se com esse valor irá conseguir levar uma 'vida boa no Uruguai'.
- E no resto do país seria mais fácil?
O custo de vida no interior é mais baixo, mas o mercado de trabalho é menor. Em Montevidéu há essas empresas de call center que oferecem trabalho frequentemente, sair da capital é de certa forma abrir mão dessas possibilidades que costumam ser a porta de entrada no mercado de trabalho uruguaio para estrangeiros recém-chegados.
Boa sorte a todos! :)
Eu acredito que deve ser uma decisão pautada muito mais em fatores como viver num lugar mais tranquilo, um lance de identificar-se com a cultura e curtir novos ares do que uma busca por novas oportunidades de trabalho ou construção de uma carreira de sucesso.
Infelizmente não tenho como definir como será a história de cada um que pensa em aventurar-se em terras charruas, não pude prever nem minha própria história rs, muita coisa aconteceu diferente do que eu tinha planejado nessa questão trabalho no Uruguai, mas ainda assim aqui estou e só posso desejar que vocês tenham muita sorte e dedicação nos próximos passos.
Abraço! :)
Atualização:
O post rendeu muitos e-mails que não consigo responder com a atenção que gostaria, então para facilitar vou deixar minha opinião sobre as dúvidas mais comuns que surgiram:
- Sou formado na Universidade X, trabalhei na empresa Y, será que consigo algo melhor?
Eu não consigo prever, gente! O que posso dizer é que a falta de oportunidades não está necessariamente ligada a um CV pobre, é claro que quanto melhor o seu CV, mais ferramentas para gerar chances você terá.
Os exemplos que tenho no meu meio são de pessoas com formação em universidades de qualidade, tanto públicas quanto privadas, ainda assim a dificuldade para encontrar trabalho se fez presente na trajetória da maioria e é um detalhe a ser levado em conta.
- Quero morar aí, mas não quero passar necessidade. O que eu faço?
A remuneração dos empregos do 'mercado português' gira em torno de 12 a 20 mil pesos. Não tenho como dizer se cada um vai conseguir algo diferente, na própria área de formação ou que pague mais do que isso, ou ainda se com esse valor irá conseguir levar uma 'vida boa no Uruguai'.
- E no resto do país seria mais fácil?
O custo de vida no interior é mais baixo, mas o mercado de trabalho é menor. Em Montevidéu há essas empresas de call center que oferecem trabalho frequentemente, sair da capital é de certa forma abrir mão dessas possibilidades que costumam ser a porta de entrada no mercado de trabalho uruguaio para estrangeiros recém-chegados.
Boa sorte a todos! :)