Domingo na feira: Tristán Narvaja

Primeiro domingo de fevereiro. O ano é 2022 e o instagram não funciona há horas, vim blogar. Essa ferramenta jurássica que dizem estar de volta. Tomara que sim. Linhas e palavras, saudades. 


A afetação dos videos coreografados e iguais, cês também se irritam? Sei nem o que fazer aqui nesse silêncio, tela branca, sem limite de caracteres. Até quando resistirei sem apontar os dedinhos com soluções fantásticas? Falta a dopamina das interações imediatas da outra rede, percebo desconfiada. As fotos já estavam preparadas para serem compartilhadas, quase lamento. 


Chove, um verano que insiste em ser gris. Coloco um tango, sintonia com a nostalgia. Alma vieja. Trilha do dia. 


Fui na feira sem nenhuma necessidade aparente, assim a ver lo que hay. Fazia tempo não ia. Dizem que é o lugar em Montevidéu onde se encontra tudo que está buscando e até o que não se sabia que buscava. Dou fé. Me acho no improvável. 


Bar em Montevideu

Chego na porta da Facultad de Derecho, dali já se sentia o vuco de feira. Barracas, gente, bandeiras e panfletos de uma votação. Me pedem votos pelo , pelo no. Eu não voto, mas é um mero detalhe. Atravesso. Coloco a mochila pra frente, pois malandro é malandro e mané é mané.  Adentro pela Tristán entre puestitos de plantas, roupas, quinquilharias, frutas e verduras. Cruzo com a comparsa do bairro. Som dos tambores. Duas mulheres dançam, riem e coletam doações. É carnaval. Nem a dureza de um sábado cinza permanece indiferente a alegria. 

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