Melhor parrilla de Montevidéu: La Barra

A pergunta de milhões desde sempre: qual a melhor parrilla de Montevidéu?


Ao longo desses 11 anos escrevendo aqui a minha resposta foi mudando, algumas opções nunca saíram de cena (beijo La Pulperia, um belo exemplo sustentando a qualidade há tantos anos), outras foram deixando de fazer sentido pra mim que também fui passando a comer bem menos carne. 


Hoje em dia passo até mal depois de ir numa parrilla e comer suas porções generosas. Para encarar o fim de noite tomando chazinho digestivo - o fim da xuventude, quizás - o negócio tem que ser bom e nisso fui perdendo o interesse de provar novidades - pelo risco hehe, deixando isso para outras esferas - e de repente todo mundo falando cê tem que ir no La Barra.



Daí que me rendi, fui conferir e pelo título desse post já está claro o resultado: a melhor carne que comi em muito tempo em parrillas em Montevidéu, macia, suculenta, tudo na medida. 

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Caliu: Hotel ecológico em Colonia

Hoje vou contar do nosso fim de semana no Hotel Caliu, uma hospedagem diferente e especial em Colônia do Sacramento.


Fica distante apenas 6km do centrinho histórico mais fofo que a gente conhece no Uruguai, é bem perto, mas já afastado o suficiente para proporcionar outro cenário e uma experiência mais slow, de campo, natural.


Foi o primeiro hotel autossustentável do Uruguai, construído em 2019 com base no modelo Earthship Biotecture criado pelo arquiteto norte-americano Michael Reynolds. 


Um método ecológico de construção que utiliza materiais naturais e reciclados - como pneus, garrafas de vidro, latinhas, papelão. 


Trata-se de um sistema inteligente e funcional que dentre outras características pode armazenar, filtrar e redirecionar a água da chuva para diferentes fins, usar energia solar, é capaz de regular a temperatura interior com base na estrutura e materiais empregados na construção, não dependendo assim de ar condicionado ou calefação, etc.




Um tipo de construção que não gera impacto ambiental, ajuda a reciclar e repensar novas formas de habitar com beleza, propósito e funcionalidade. O Michael e sua equipe já viajou o mundo inteiro levando essa expertise para diversos projetos, tanto públicos como privados.


O projeto em Colonia é uma iniciativa da Jessica e do Mauro, um casal de argentinos que se instalaram no Uruguai e apostaram nesse sonho bonito de vida: abrir um hotel ecológico

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Por vichar em Chihuahua

Por vichar, foi minha resposta ao primeiro como nos encontraram (do verbo olhar com curiosidade no jeito mais uruguaio de ser). 


Procurando terrenos na região, passei pelo que pensei que fosse uma cafeteria, guardei no mapa para visitar outro dia com mais calma. Voltei e descobri que se trata de uma tostaduria pequenina a poucos metros do mar em Chihuahua. 


Talvez o balneário com nome mais estranho do leste, possivelmente o menos careta, onde fica a praia nudista com um por do sol escandaloso de belo e também muitos estabelecimentos com bandeira lgbtq+, um filtro natural de gente com a mente cerrada, me diria mais tarde Matias. 


Era uma quarta-feira pré-temporada, só corria o vento. Paz e silêncio. O discreto cartaz dizia fechado, então resolvi ligar para confirmar o horário. Estava aberto, a placa do avesso foi pelo vento ou esquecimento.



Matias abriu o portão simpático e nos convidou para entrar contando com entusiasmo sobre o projeto: café de especialidade, ecológico, inclusivo. Ele uruguaio, a companheira austríaca, ambos professores de tango com longa experiência em projetos sociais com adolescentes e PcD mundo afora. 

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Comer gastando menos em Montevidéu

Eu queria poder fazer um título mais apelativo: 'Comer bem e barato em Montevidéu', mas cá entre nós seria um grande exagero hehe. A gente até consegue gastar menos, mas barato - barato mesmo - é outra conversa.


E tem muitos temas que eu puxaria antes de falar de preço, o primeiro é que comida é cultura - e política - em vários aspectos: o que comemos e como comemos diz muito sobre um lugar.


Logo, viajar e se aventurar por sabores locais é parte de uma imersão literalmente gostosa de viver.


Um belo e clássico chivito uruguasho no Su-Bar.
 

Acontece que eu tenho em casa - beijo, mãe - uma pessoa resistente a sabores novos (e veja bem, morei em quatro países com gastronomias diversas e apresentá-las sempre foi um desafio), sei bem que muita gente prefere o conforto do que já conhece. 


É mais comum do que parece receber mensagens de leitores buscando restaurante brasileiro em Montevidéu até mesmo numa viagem de poucas horas (quem vem de cruzeiro e fica menos de 24h na cidade, por exemplo), a maturidade e mamãe me fizeram não julgar mais. 


Então, pega aqui a primeira dica do post: Uai Brasil, uma delícia de lugar no centro com nosso rico temperinho verde e amarelo.


Dito isso, vamos para as dicas para economizar na alimentação em Montevidéu.


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SPA entre vinhedos: Aroma de Ciprés

Uma experiência diferente a somente meia horinha do centro de Montevidéu. Uma pausa na rotina, um mimo que todo mundo merecia receber. 


Não lembro como cheguei nas imagens do Aroma de Ciprés, mas desejei desde o primeiro momento que vi. Um spa no campo cercado de vinhedos, mas com a praticidade de ser vizinho à cidade. 


O spa é projeto de duas jovens irmãs que se une ao negócio de toda vida da família: plantações de uvas tannat e moscatel - em sua maioria - que vendem para bodegas. As meninas cresceram nesse pequeno paraíso que hoje dividem com os afortunados visitantes.



O espaço é lindo. Cheguei num dia de sol de uma primavera bastante instável: suerte grande. 


Abundava uma luz dourada. Troquei a roupa pelo bikini e roupão, segui para a tina (o nome espanhol - também simpático - para ofurô). Tempo de hidromassagem. 


A cabeça custava a obedecer o comando de esvaziar. Focar no presente, no nada. Cobrava frenética a logística dos dias: tenho que buscar aquilo, consertar não sei o que, responder fulana, enviar um documento, agendar uma consulta, pagar os boletos, mas nossa, tudo tão lindo, devia ter trazido a câmera, etc. 


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Noite em Maldonado: La Curanderia

Bem verdade que não sou uma pessoa da noite, não mais. O rolê 35+ pede cadeira, gente. Começa cedo de preferência. Tem música boa e se for ao vivo melhor. Ambiente precisa ser acolhedor, ter personalidade. Só saio de casa se for assim hehe.

Com essas premissas cheguei no La Curanderia nessas últimas férias em Punta. A casa fica mesmo em Maldonado cidade, mas na prática é tudo tão pertinho que é mais como trocar de bairro.

Fomos recebidos por um quadrinho que dizia noches que curan. Certeiro. Arte, comida e buena onda: curam, definitivamente.

Nos sentamos no jardim e tocava Elegia, das minhas preferidas do Caê (amo tanto que tenho o vinil - sim, cringe - Cinema Transcedental, lançado antes de eu ter nascido, escute essa lindeza aqui). 

Baiana e profunda, não precisava muito mais para me conquistar. Mas teve. A playlist seguiu brasileiríssima e da melhor qualidade. Mais luz baixa, velas, quintal verde. Noite fresca pré verão como o Uruguai bem sabe fazer.


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Verão e hospedagem em La Paloma

La Paloma é o balneário afetivo da família desde muito antes de eu chegar, faz mais de 40 anos que meus sogros veraneiam por lá, mas faziam alguns veranos que eu estendia a canga em outras praias. 

Ano passado voltei e já no primeiro dia prometi não demorar mais tanto. Me hace bien.

E não gosto de mar com onda nem água fria, caribenha - quase - que soy, mas tem algo de mágico no verão uruguaio que envolve. Paz e simplicidade. Abundância. As coisas como são. Desconexão. 

A gente ainda vai na praia como nossos pais, os deles, no caso. Pequenos rituais: yerba mate, cadeira, isopor, guarda-sol. A farofa tá permitida sem julgamentos (diria que só no Brasil se julga, mas pouca gente tá preparada para essa conversa). Um quê de hippie. Estado bruto. Leve.



Cada dia o céu pinta de uma cor, espetáculo. Ando cansada mentalmente, ritmo acelerado. Uruguay é sempre meu pé no freio. Lembrete de calma, respira. O agora. 

As férias de verão são simples. O que fazer é bem claro: hacer playa, un asadito, estar.  Raramente atualizo o blog com notícias de Rocha porque não tenho novidades - embora cada temporada a oferta gastronômica da região melhore e se amplie, as baladinhas pululam e tal - a gente fica tranqui

Almoços demorados, mesa cheia (los suegros, seus 4 filhos e parejas, 8 netos, 2 cachorros), tem massa caseira do abuelo, torta frita (essa instituição do verão uruguasho) quando o tempo fecha, churrasco.

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