Um post dedicado aos brasileiros que vivem em Montevidéu e ainda não sabem onde encontrar os 'produtos brasileiros'.
Coloco entre aspas porque na verdade são produtos que encontramos em qualquer supermercado da capital e estão obviamente com um nome ou apresentação tão diferentes que as vezes nos deixam em dúvida se são as mesmas coisas que consumíamos no Brasil.
Eu gostaria de ter lido isso há alguns anos atrás quando eu morria de saudade de tapioca e não tinha coragem de trazer um pó branco suspeito na mala rs! Depois que descobri que dava para fazer uma tapioca bem nordestina com a fecula de mandioca a saudade de casa ficou mais leve.
Porque não sei vocês, mas eu sou do tipo que encontra conforto na comida. Me adaptei muito bem a comida uruguaia, sou feliz comendo guiso de lentejas, revuelto de zapallito e pascualina, de verdade.
Mas em dias de saudade doída sentir o cheiro de uma moqueca no fogo não tem preço, é um afago na alma, estreita a distância, arranca um sorriso bobo de lembranças.
Na foto uma tarde baiana na cozinha da Lu, eu e minha mãe fomos lá cozinhar e tem a receita dessas delícias nesse
link.
Vou dividir algumas dicas, começando pelos nomes de alguns produtos:
Polvilho = Fecula de mandioca, dá para usar para fazer pão de queijo, crepioca ou tapioca. Para fazer tapioca é só hidratar e peneirar, vai ficar como a goma e aí vai direto para a frigideira.
Fubá = Harina de Maíz / Crema de Maíz
Mungunzá (milho branco ou amarelo para canjiquinha, acho que o pessoal de SP chama assim) = Mazamorra
Trigo para quibe = Trigo burgol
Tâmaras = Dátiles
Feijão = Poroto, o preto acho igualzinho, já o carioquinha o mais parecido daqui é o que chamam poroto frutilla.
Farinha para farofa = Harina de mandioca, ela crua é feia, é dura, é cara e assusta qualquer brasileiro que conhece farinha boa, mas refogadinha quebra um galho. Vende farofa pronta, mas me recuso hehe.
Certeza que estou esquecendo muita coisa e conto com ajuda nos comentários! :)
Todos esses itens - do polvilho ao feijão - encontramos nas grandes redes de supermercado, no Tienda Inglesa, Devoto, Disco, etc, mas é muito mais barato comprar nas feiras de bairro ou lojas de produtos naturais como o El Naranjo.
Falando em feiras de bairro, converse com os feirantes, o pessoal traz tudo da fronteira com o Brasil, conheço gente que já encomendou até quiabo (oi, Carine)!
São nessas feiras que compramos leite condensado (leche condensada). De novo, vende no supermercado, mas você não vai querer pagar
146 pesos (aham, bons 17 reais uma latinha de leite condensado) quando o amigo da feira faz um esquema por 60 pesos.
Em toda feirinha tem um posto com produtos de limpeza, grãos e enlatados, se o leite condensado não estiver por aí, pergunte, faça um pedido. O mesmo para azeite de dendê e leite de coco (o azeite nunca vi nos mercados, já o leite tem sempre, tem o coco seco natural também, ficando a opção de fazer o leite caseiro).
Deixe para comprar nas feiras também nossas frutas exóticas, no caso banana, abacaxi, manga. São caras em toda Montevidéu, mas nos supermercados são abusivas: a metade de um abacaxi custa bons 8 reais.
A banana vendem a equatoriana e brasileira nas feiras, a brasileira sempre vale menos. Nos mercados costumam vender apenas a do Equador e o kg pode chegar a 80 pesos, basicamente cada banana dessa vai custar 2 reais (socorro!).
Na feira o kg da banana brasileira oscila entre 35 e 45 pesos. No Mercado Agrícola ela tem preço de banana mesmo: 29 pesos o kg, não compro em outro lugar.
Em geral acho o Mercado Agrícola um tiquinho mais barato que a feira do bairro (do meu bairro, né? Não ando em todos os cantos pesquisando preço), é longe, mas continuo encarando como um passeio para a família toda.
É lá onde compro todas as farinhas e coisas a la Bela Gil, mais especificamente no El Naranjo que é amor, é vida rs! Anotem esse nome e economizem uns pesos (não é jabá, mas se quiserem me patrocinar, beijo, me liga).
Lá compro o milho branco do mungunzá, polvilho, fubá, semente de chia, curcuma, farinha de arroz, farinha de linhaça e para não ficar só bancando a saudável, também garanto meu doce de leite maravilhoso da Narbona (não vende nos supermercados) e os melhores azeites de oliva com preços bem mais em conta.
E se você também tem filhos de fraldas, vai achar incrível os descontos da pañalera Natal (que assim como o El Naranjo tem em outros pontos da cidade, mas o MAM é tão lindo que reune tudo num lugar só para a economia ser completa).
Esses são os produtos que uso na cozinha aqui de casa, conseguimos equilibrar bem os sabores tupiniquins e charruas, se você chegou agora e está achando difícil acostumar com o ponto do sal e temperos, tenha paciência e não se feche apenas nas opções brasileiras.
Descobrir um novo país pela culinária é uma viagem riquíssima, experimente e tente cruzar a linha do churrasco e doce de leite, o inverno chega logo mais trazendo as cazuelas e guisos, vamos aproveitar! :)
Abraço!