Roteiro em Punta: Las Grutas e Tres Musas

Duas dicas que complementam sua visita a Casapueblo, a boa vizinhança que merece ser vista também.


Punta Ballena é meu lugar no leste, onde mais vezes repeti a hospedagem e poderia armar um roteiro completo só nesse pedaço do mapa, mas já contei que a graça da experiência em Maldonado é se movimentar de uma ponta a outra.


Não precisa se preocupar se cruzou a ponte já é La Barra ou onde começa Manantiales nem onde termina La Juanita, o nome aqui é o de menos, o que não vale é ficar parado no mesmo lugar (mentira, se você quiser vale sim, as vezes é exatamente o que eu busco e tá tudo bem não ficar saracutiando também, viu). 


É tudo juntinho - falando de Club del Lago a José Ignacio, por exemplo, são apenas 50km, não completa nem 1h de carro - temos um vilarejo atrás do outro, mas as propostas variam e fazem a mágica acontecer: se apaixonar por Punta, Maldonado ou pelo leste, como queiram chamar. 



Fica combinado que tem bastante opção de lugares para ver, se hospedar, onde comer, tem praia e campo, luxo e simplicidade, agito e calmaria. Gosto assim. Última vez que busquei hotel em Punta del Este cidade - centrinho mesmo - deve ter pelo menos uns 5 anos. Não desprezo hehe, adoro ter uma cidade 'grande' ali com todo tipo de serviço à disposição, vou mil vezes na escultura La Mano, visito os lobos no porto, por mais repetidos que sejam minha filha segue amando, é bonito, leve, ela se diverte e eu também.


Ao tour clássico abrimos espaço para um passeio no bosque, um museu de arte, um parque de esculturas, uma vinícola, um restaurante pé na areia premiado, um cafecito aconchegante, uma degustação de azeite de oliva, subimos serra, voltamos para o mar e assim vamos agregando camadas de surpresa e interessância nos nossos dias. 

Pronto, me fui por las ramas, diriam os uruguashos. Comecei o texto super direta, duas dicas cantadas já de cara no título, mas cheguei até aqui falando de outras coisas. Concentro de novo nesse passeio que a gente faz sempre que pode ali na beira da praia, seja com as crianças ou sozinhos.


Las Grutas formam uma paisagem especial na pontinha de Punta Ballena, tão perto da Casapueblo que dá para descer andando (e curiosamente a maioria dos turistas não uruguaios passam inadvertidos).

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Onde ficar em Montevidéu: hospedagem

Uma dúvida recorrente desde o início do blog, tema dos primeiros textos que escrevi. Revisito hoje, afinal 10 anos se passaram e muita coisa mudou na dinâmica da cidade, apesar da resposta continuar sendo a mesma: depende.


Não é má vontade, inclusive vou na contramão da cartilha de sucesso na internet que dá a vida por títulos apelativos, soluções fantásticas e novos gurus semanais. 


Quando digo depende é porque acredito em experiências e necessidades diversas. 


A maioria dos viajantes fica dividida entre a Ciudad Vieja ou Centro X Pocitos ou Punta Carretas, quase numa dicotomia de onde seria mais ou menos perigoso, uma preocupação legítima e que talvez pudesse ser esclarecida com uma leitura básica de realidade. 


Estamos falando por um lado de uma região portuária ou central (e note: centro de uma capital latina, pequenina sim, mas a maior urbe do país, muitas realidades convivem ao mesmo tempo) e por outro lado bairros de classe média que obviamente apresentam diferenças estéticas com recortes sociais mais ou menos evidentes. 


                                                          Meu amado e pouco turístico bairro Malvin


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Padarias artesanais em Montevidéu

Abri a caixinha de perguntas no Instagram há uns dias e curiosamente padarias + medialunas e croissant foram temas que apareceram algumas vezes, sintonia talvez com a última foto do feed que foi de um café da manhã.

Existe uma pequena confusão bem gostosa de resolver - comendo, né - sobre a medialuna e o croissant serem ou não a mesma coisa, a forma até parece, mas não são iguais. 


A medialuna brilha pelo almíbar que é besuntado em cima, é mais doce e fofinha, a massa tem ovo e fica levemente mais amarelada, já o croissant é mais crocante, tem várias capas/bolhas de ar no interior da massa e o sabor é mais neutro, ambos são maravilhosos.

A medialuna é uma instituição rioplatense e na fila do pão ou num cafezinho da tarde é ela que eu costumo pedir, mesmo sendo fácil hoje em dia encontrar o croissant em vários lugares em Montevidéu. 


Vou pegar esse gancho para falar das padarias. O uruguasho padrão come muito pão, essa cestinha que chega na mesa dos restaurantes nem bem a gente senta não é por acaso, se tiver uma comida de caldo eles precisam xuxar com pão e se não tiver caldo eles vão precisar também hehe. 


A discussão da família é quando a gente vai pra Bahia e o digníssimo quer xuxar a moqueca de dendê com pão. Vocês aguentam? Eu não.


Padaria artesanal em Montevideu

Uma das lembranças que tenho dos primeiros meses de mudança no Uruguai foi de ficar completamente perdida com a variedade de pacotes de farinha de trigo no mercado, até nas quitandinhas de esquina sempre tinha a farinha de força, de 3 zeros, 4 zeros, para confeitaria, para pizza, para pão e minha vida inteira até ali farinha de trigo era farinha de trigo com ou sem fermento, apenas.


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Domingo: Roteiro em Montevidéu

Era um domingo comum, sem grandes planos mais que nos reunir em família, meus sogros nos visitavam do norte, fazia tempo não iam à capital. Decidimos almoçar fora e despretensiosamente dar uma volta na Ciudad Vieja, nosso apartamento temporário era mesmo vizinho, ficava ali nas voltas do Palácio Salvo.


Descemos e fomos caminhando até a 18 de Júlio que aos domingos amanhece mais lenta e menos ruidosa, comércio majoritariamente fechado. As oficinas idem, não tem aquele vuco de trabalhadores, turistas, ônibus. Se agradece apreciar pausado, 12 anos se passaram e ainda sou capaz de ver novas fachadas ainda que sejam as mesmas, um detalhe especial aqui, um lamento de abandono acolá: a 18 é um prato cheio. 


Em poucos minutos já estávamos no hall do Palácio Salvo, a pequena se divertia imaginando histórias para as esculturas de ferro entre os arcos. Vichavamos o movimento dos moradores, a beleza do prédio num misto de decadência e imponência. 



Cruzamos a Plaza Independência, outras famílias faziam da praça um playground. Saudamos Artigas e cruzamos o portal da Ciudadela sem nada em mente do que fazer, apenas fazendo. Caminhos nossos. A estética da vida se mantinha sem pressa, mtas persianas fechadas, uma ou outra companhia fazendo próprios caminhos. 


O colorido da praça,  muros que dizem, resistem. Outra praça, a Matriz, árvores, fonte, nossa criança saltitante. A igreja aberta. Entramos. Fresco, silêncio e fé. Que seria de mim, meu deus / Sem a fé em Antônio, cantei com Bethânia. 

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Queijos artesanais em Montevidéu: DeGuarda

Um local que é um pedaço do paraíso para quem ama queijos artesanais.

A DeGuarda faz a melhor seleção dos queijos produzidos em todo Uruguai e disponibiliza esses produtos num local delicioso e super central de Montevidéu (fazem entregas a domicilio também e preparam packs diferentes todos os meses, vale a pena ficar de olho nas propostas que lançam nas redes sociais). 


Não consigo ficar indiferente quando entro na loja - que está sempre com a temperatura mais fresca - e vejo todas as peças expostas no balcão: lindas e apetitosas.



É sempre difícil escolher o que levar, o estoque como tudo que é mais artesanal, produzido assim em menor escala, costuma variar bastante. E eu gosto de ser surpreendida, encontrar novidades, uns queijinhos mais ousados, experimentais e também os grandes clássicos (um pedacito de parmesão e queijo Colonia, por favor!). Tem de tudo, nunca saí decepcionada.


Já cheguei junto com um produtor fazendo a entrega, já cheguei faltando pouco para a loja fechar, já fui grávida e com restrições e muitas dúvidas: em todas as situações o atendimento foi simpático e as orientações e sugestões foram muito bem aproveitadas.


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Punta com Crianças: Parque El Jagüel

Punta del Este com crianças é tão possível que eu, mãe de duas meninas e apaixonada por Montevidéu, vivo sonhando em mudar pra lá. Acho o balneário uma delícia para curtir em família, além da praia e areia que garantem sempre muita diversão com os pequenos, tem um ambiente muito tranquilo, natural e amigável.


Sim, vamos desconstruir um pouco essa imagem de Punta pintada nos programas do Amaury hehe. Aquela dos cassinos, baladas e prédios espelhados. Não por ser equivocada, existe essa Punta. Assim como existe uma outra versão que abraça famílias com niños e tem ares de calmaria e simplicidade. 

No nosso roteiro do que fazer em Punta del Este com crianças o Parque El Jagüel é o maior sucesso de todas as temporadas, um espaço incrível com vários brinquedos e gratuito.



A área do parque é enorme, tem estacionamento fácil, é limpo e organizado, uma opção para passar uma tarde inteira. Mesmo ficando horas, nossa pequena nunca dá conta de brincar em tudo, tem casinhas de madeira, tobogã, barco pirata, helicóptero, trator, muitos brinquedos de todo tipo e muito verde.

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Hospedagem em Colonia do Sacramento: Taurinas

Nossa última passagem por Colonia do Sacramento foi de um jeito diferente: estavamos viajando e passeando, mas também trabalhando em período integral alguns dias da semana. Nossa criança de 6 anos bem serelepe de férias acompanhando. Nômades. E talvez locos hehe (foram 2 meses assim pelo Uruguai e eu estava grávida).

Nesse formato precisavamos de uma hospedagem com mais espaço e cômodos separados para conseguirmos equilibrar uma reunião aqui, uma vídeo chamada acolá e todo mundo conseguir conviver sem atrapalhar ninguém (na teoria, quem viveu sabe o esquema home office com guri kkcry). 

Quarto de hotel não era uma opção e pela primeira vez procurei apartamento de temporada em Colonia, me surpreendi com as possibilidades e acabei escolhendo o Taurinas: um edifício pequeno, novinho e vizinho a Plaza de Toros que finalizava as reformas, da janela dos quartos todo dia admiravamos a construção. 


Melhor custo x benefício (sim, pagamos a hospedagem, o que vira dica aqui no blog é porque foi aprovado mesmo sem outros interesses).

Apartamento amplo, dois quartos (um de casal e outro com 2 camas de solteiro), funcional. Bom banheiro e ducha. Cozinha equipada que é sempre uma vantagem quando viajamos com criança ou estamos numa viagem longa: passei nas quitandas e mercadinhos das redondezas e cozinhei coisas básicas algumas vezes, o bolso agradeceu. 


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Bar de Vinhos: Montevideo Wine Experience

*Fechado (esperamos que seja temporalmente porque não faz o menor sentido nosso bar favorito ter acabado hehe, vou atualizando aqui).


Essa dica não é novidade, quem tem nosso guia desde a primeira edição já sabe: o Montevideo Wine Experience é o melhor wine bar que conheço não apenas em Montevidéu, mas em todos os lugares que andei.

É descontracturado, como talvez definiriam os uruguaios. Pra gente seria algo como leve, sem frescura, despretensioso.  Tem buena onda e uma seleção de vinhos locais bem variada e interessante.

Fica ali na Ciudad Vieja, perto do Mercado do Porto, numa esquina de casarões antigos do centro histórico (vizinho também do Es Mercat, melhor restaurante de frutos do mar da cidade, também no guia desde a primeira edição e dica que já cantamos há anos). 



Um espaço com personalidade, não se parece a nenhum outro wine bar, tem um toque vintage e aconchegante, é fácil entrar e sentir-se em casa. O que acho um mérito louvável. O mundo do vinho costuma ter um ar formal, uma certa pompa que afasta quem acha que não entende de vinho (carece não, é para ser feliz, minha gente, experimentar, compartilhar, aprender coisas diferentes, não é para elaborar uma tese).


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O Arboretum Lussich em Punta

A Punta que eu gosto é mais fora do óbvio, menos estacional, tem vida além mar e baladas, é interessante mesmo passado o verão (ainda que eu ame o verão e suas obviedades também, tá? Deus me libre ser blasé, bikini e clericot  melhor clichê).

Gosto das possibilidades, outras formas. Da natureza que abunda e da tranquilidade que reina nos outros meses do ano.

Fico ali entre Punta Colorada e José Ignacio, os balneários se complementam e juntos fazem uma experiência única.

O texto de hoje traz uma dica bem gostosinha de passeio menos recorrente quando se pensa no leste: uma caminhada no bosque do Arboretum Lussich e visita ao seu pequeno museu.

Arboretum quer dizer coleção de árvores, exatamente o que a família Lussich criou. 

Nesse bosque de quase 200 hectáreas estão catalogadas cerca de 380 especies, sendo aproximadamente 70 da flora nativa e as demais oriundas de outras partes do mundo.

Como tudo surgiu é um caso curioso. Antonio Lussich no final dos anos 1800 e bolinhas comprou nada menos que mil e quinhentos hectares de campo, um investimento meio controverso onde o vento faz a curva, um terreno pedregoso, declaradamente infértil. 


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Rizoma: Livros e Café em José Ignacio

Um sonho de lugar, foi o que pensei quando o maridón me enviou o perfil do Rizoma dizendo mira seguido de uma carinha feliz. Respondi com um bora agora, pois era tudo que eu gosto no lugar que eu gosto: livros, café, atelier de cerâmica mais hospedagem charmosa ali pertinho da praia de José Ignacio.

O Riozoma é assim múltiplo, várias propostas coabitando num espaço bonito vizinho ao mar, cheio de árvores ao redor. Elegante e também aconchegante. 


Tem arte, tem cheirinho de café. Tem horta orgânica e mesas no pátio. Um acervo completíssimo de livros como se estivessemos numa livraria no meio da cidade grande, mas pela janela o chão é de terra batida, o vento balança as ramas e os pássaros cantam. Idílico e também real. 

Visitamos nas primeiras semanas de inaugurado, ainda naquele verão pandêmico de portas fechadas para turismo externo no Uruguai. Foi nosso achadinho das férias compartilhado com entusiasmo nos stories na época, é uma das dicas que recebo mais comentários até hoje.

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Colonia: outras dicas

No mês passado fui convidada pelo programa Conexão 123 para uma conversa sobre Colônia do Sacramento, um dos destinos mais charmosos e fotogênicos do Uruguai.

A produtora me pediu dicas fora do óbvio que vamos combinar é a nossa especialidade.

Listei num vídeo de 2 minutos e uns quebrados algumas ótimas opções para unir ao roteiro clássico e deixar a viagem toda mais especial e feliz. 

E hoje vim compartilhar essa seleção aqui no blog (nem tudo entrou no programa e de novo observei que tem muito conteúdo bacana que só dividi nos stories do instagram que é aquela coisa quase inútil que desaparece em 24h, né? Mesmo quando vira foto no feed ou recheio dos destacados, fica meio perdido no mar de distrações que é a rede).

Muito que bem. Volto ao tema do post. Tomei como base atividades nos arredores de Colônia do Sacramento, mas que fossem próximas - não mais de 40min de distância - do centro, assim seriam também viáveis para quem tivesse pouco tempo (nesse ponto entra a questão do pernoite ou bate e volta, cês já sabem que sou partidária de dormir pelo menos uma noite na cidade).


Comecei sugerindo uma parada na praia de Santa Ana que fica apenas 22km de Colonia. 

Nessa região oeste do país as praias são de rio, uma paisagem e experiência bem diferente do que estava acostumada na Bahia, mas igualmente desfrutável. 

Santa Ana é um refúgio de calma, cercada por bosques frondosos e de areia branca, oferece um cenário protegido e bonito. O rio tem personalidade e encontrá-lo bravo ou sereno, azul ou marrom, depende da sorte de cada visitante. 

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Mar de Pinos: Hospedagem em Punta

Trazendo para o blog um dos espaços mais gostosinhos que experimentamos no Uruguai: a casita Mar de Pinos, um refúgio de afetos e sensações ali entre a lagoa e o mar.


Uma casa no meio do bosque ideal para relaxar e estar em contato com a natureza. 


Estivemos a primeira vez em março de 2021, eu gravidíssima de 6 meses sonhando com sossego (embora viajando também com uma criança de 6 anos, aquela conta que não fecha haha), o Uruguai ainda estava fechado para turismo externo, só entrava no país os cidadãos, residentes e algumas poucas exceções. Tudo estava ainda mais tranquilo e vazio do que de costume. 


Encontramos um lugar de muita paz e muito verde. Uma casa compacta desenhada para atender as necessidades dos viajantes com leveza, beleza e conforto.




Ambientes que se integram, janelas que viram molduras para o bosque ao redor. Silêncio. Os pinos, os bichos (gatos e cachorro, os pets da casa que todos os dias nos visitavam). Solzinho no deck, balanço na rede. Calma e prazer.
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Camomila Pasteleria: Café em Pocitos

Tenho uma nova confeitaria favorita em Montevidéu: a Camomila Pasteleria ali em Pocitos.


Descobri ao acaso indo comprar pão (na também maravilhosa La Resistence Boulangerie que fica na mesma rua). 

A casa é um encanto, impossível passar e não admirar a arte belíssima e colorida na fachada. 



No Camomila cada detalhe parece contar e o resultado é muito aconchego, as cores em tons pasteis misturadas com plantinhas ornam com todas as delícias que diariamente recheiam o balcão.

Pra mim elas oferecem a melhor variedade da cidade e os bolos mais fofinhos. Já comentei aqui no blog que tenho pavor de bolo seco e também molhado demais como brasileiro costuma amar, pois é, sou essa pessoa chata do bolo, quase uma jurada do Cake Boss hehe, lá na Camomila encontrei o equilíbrio que eu gosto. 

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Março festivo: 10 anos do blog

Eu planejei tanta, mas tanta coisa para esse dia e no final passou batido. Quase. Fiz ali aos 45 do segundo tempo - dia 31 de marco - um post no instagram. Tinha programado conteúdo diário na minha planilha imaginária e até sorteio pensei seriamente em fazer, queria retribuir todo carinho recebido nesses 10 anos.


Dez anos, gente. Uma década inteirinha compartilhando o que o coração sente no Uruguai. O que me enche os olhos e abraça a alma. Uma terra que escolhi amar, que tem lá um monte de problemáticas também. Não as ignoro, vivo o Uruguay de dentro. Entre idas e vindas nesses 12 anos de encontro. Mudei, morei, casei, trabalhei, pari. Virou parte de mim e o blog ocupa um pedaço bonito nessa trajetória. 


                                                 Grávida pela segunda vez em José Ignacio, março 2021.

Comecei a escrever num 03 de março de 2012, um ano e pouquinho depois da minha mudança, hoje lendo os relatos aparentemente tomei a decisão, criei a página, fiz um texto dizendo que voltava com mais info depois e voltei no mesmo dia haha (já cumpri melhor minhas promessas ou era a disponibilidade da xuventude sem filhas, observo com risos de nervoso enquanto digito amamentando uma no sling). 

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Domingo na feira: Tristán Narvaja

Primeiro domingo de fevereiro. O ano é 2022 e o instagram não funciona há horas, vim blogar. Essa ferramenta jurássica que dizem estar de volta. Tomara que sim. Linhas e palavras, saudades. 


A afetação dos videos coreografados e iguais, cês também se irritam? Sei nem o que fazer aqui nesse silêncio, tela branca, sem limite de caracteres. Até quando resistirei sem apontar os dedinhos com soluções fantásticas? Falta a dopamina das interações imediatas da outra rede, percebo desconfiada. As fotos já estavam preparadas para serem compartilhadas, quase lamento. 


Chove, um verano que insiste em ser gris. Coloco um tango, sintonia com a nostalgia. Alma vieja. Trilha do dia. 


Fui na feira sem nenhuma necessidade aparente, assim a ver lo que hay. Fazia tempo não ia. Dizem que é o lugar em Montevidéu onde se encontra tudo que está buscando e até o que não se sabia que buscava. Dou fé. Me acho no improvável. 


Bar em Montevideu

Chego na porta da Facultad de Derecho, dali já se sentia o vuco de feira. Barracas, gente, bandeiras e panfletos de uma votação. Me pedem votos pelo , pelo no. Eu não voto, mas é um mero detalhe. Atravesso. Coloco a mochila pra frente, pois malandro é malandro e mané é mané.  Adentro pela Tristán entre puestitos de plantas, roupas, quinquilharias, frutas e verduras. Cruzo com a comparsa do bairro. Som dos tambores. Duas mulheres dançam, riem e coletam doações. É carnaval. Nem a dureza de um sábado cinza permanece indiferente a alegria. 

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