Era um domingo comum, sem grandes planos mais que nos reunir em família, meus sogros nos visitavam do norte, fazia tempo não iam à capital. Decidimos almoçar fora e despretensiosamente dar uma volta na Ciudad Vieja, nosso apartamento temporário era mesmo vizinho, ficava ali nas voltas do Palácio Salvo.
Descemos e fomos caminhando até a 18 de Júlio que aos domingos amanhece mais lenta e menos ruidosa, comércio majoritariamente fechado. As oficinas idem, não tem aquele vuco de trabalhadores, turistas, ônibus. Se agradece apreciar pausado, 12 anos se passaram e ainda sou capaz de ver novas fachadas ainda que sejam as mesmas, um detalhe especial aqui, um lamento de abandono acolá: a 18 é um prato cheio.
Em poucos minutos já estávamos no hall do Palácio Salvo, a pequena se divertia imaginando histórias para as esculturas de ferro entre os arcos. Vichavamos o movimento dos moradores, a beleza do prédio num misto de decadência e imponência.
O colorido da praça, muros que dizem, resistem. Outra praça, a Matriz, árvores, fonte, nossa criança saltitante. A igreja aberta. Entramos. Fresco, silêncio e fé. Que seria de mim, meu deus / Sem a fé em Antônio, cantei com Bethânia.