A Casapueblo vale a pena

Numa publicação aleatória no instagram surgiu o questionamento se a Casapueblo era uma atração que valia a pena ser vista por dentro ou se apenas olhar de fora era suficiente.  


Me perguntam com certa frequência se eu recomendo mesmo fazer a visita e o desenrolar dessas conversas quase sempre se repete: a pessoa ouviu de algum conhecido que foi lá e não gostou ou leu em algum blog alguém dizendo que não era assim tão interessante, plantando a dúvida nesse futuro viajante.

Como pessoa que tá nesse rolê de escrita de vivências há mais de uma década (vulgo blogueira de viagens hehe), busco entender - de verdade - o que uma experiência precisa ter para cumprir, satisfazer o ser humano. 

As pessoas são diferentes, tem interesses diversos, gostos múltiplos e isso é bonito. 

Para gustos, colores é uma expressão em espanhol que define esse leque de opções que felizmente temos para encontrarmos algo do nosso agrado. Nem todo mundo vai amar a mesma coisa e tá tudo bem.


A pessoa não precisa se aproximar da obra do Vilaró - ou de qualquer outro artista - e sair necessariamente emocionada, tocada, identificada. Mas o que leva alguns visitantes a dizerem que não vale a pena é um negócio que eu jamais consegui entender.




Um lugar que tem arte, uma vista linda para o mar, mais um valor intangível de coisas que passaram ali, a casa foi o refúgio de um homem que criou, ousou, viveu. Para além da obra, tem o contorno da trajetória humana. Tudo ali exposto. 

Os pincéis, as cores, as paisagens que alimentaram processos criativos, o acervo de imagens e vídeos, os becos que abrigaram encontros mil. Uma casa moldada com as mãos. Se isso não for suficiente para inspirar, provocar, trazer um aconchego nas subjetividades, eu me pergunto o que então preenche um camarada que não encontra valor nessas coisas? Quais histórias, quais belezas?

Uma tarde em Santa Ana

De uma tarde delícia antes do frio chegar.


Um refúgio a poucos minutos do centrinho mais charmoso do Uruguai: apenas 22km antes de chegarmos em Colonia do Sacramento encontramos o balneário Santa Ana.


O cartaz discreto à esquerda da ruta passa inadvertido para a maioria dos turistas. 


Pudera, não tem nada exatamente famoso, nenhuma lista do que fazer ou grandes referências. Para ser honesta nem mesmo a santa eu conhecia, fui levada pelo boca boca de amigos uruguaios crescidos no oeste, não faz muito um conhecido nosso trocou a capital pela calmaria desse lugar bonito, não poucas vezes cogitamos fazer o mesmo.


Não fizemos e nossas visitas passaram a ser acompanhadas também dessa camada de sonho e dúvida: 'e se?'. 


Um desvio que se faz entre o verde abundante e poucas curvas, o balneário logo se apresenta com muitas ruas ainda de terra batida. O silêncio só interrompido por pássaros vagarosos. 


Dicas Colonia Uruguai

5 dicas de Airbnb em Montevidéu

Dia desses fiz uma enquete no Instagram perguntando quais temas as pessoas queriam ver aqui no blog e dicas de Airbnb em Montevidéu foi um dos mais votados, tinha certeza que perderia para dicas de hotéis hehe, mas fui surpreendida.

Talvez a nova normalidade tenha contribuído para essa mudança de preferências, eu já fui a viajante que só escolhia hotel qualquer que fosse o contexto, hoje só busco se for uma viagem muito curta de 1 ou 2 dias, mais que isso vou direto procurar casa ou apartamento, acho mais fácil adaptar e improvisar quando estamos viajando com as crianças (nossa realidade 99%). 

No Uruguai temos usado o Airbnb com certa frequência, não temos mais residência fixa na capital e alugar apartamentos temporários tem sido nosso caminho para equilibrar férias e trabalho.

As dicas que trago foram realmente testadas, pagas normalmente pela plataforma (dá até para ler as avaliações que deixei), foram lugares que reservamos acreditando que cumpria nossos requisitos de preço, localização e bem estar. 

Não tem nada glamouroso porque otimizo nossos recursos viajando (mão de vaca talvez),  basicamente fico satisfeita com um espaço limpo, funcional e simpático. O que sobra gasto com comida, obrigada hehe.

Viajamos bastante e nunca pegamos uma grande cilada, acho que o segredo é ler com atenção tanto a descrição (horários de check-in/out, se tem roupa de cama e banho incluídas, ar condicionado ou calefação, perguntar coisas que considero importantes mesmo quando parecem pequenas ou óbvias, se tem mais de um jogo de chave disponível, por exemplo) como as referências de outros hóspedes. E ter bom senso.


Tenho a experiencia de estar do outro lado - alugando nosso apartamento em Salvador para viajantes - e razoabilidade é um negócio curioso. 

Tem hóspedes muito particulares, eu poderia fazer um livro de contos ou crônicas com várias situações inusitadas, várias alegrias também, pese aos caos do mundo, eu ainda gosto de gente, recebia pessoas de graça em casa no tempo do Couchsurfing, quem conheceu?

Mas, nossa senhora da divagância, as dicas de Airbnb em Montevidéu. 

Melhor parrilla de Montevidéu: La Barra

A pergunta de milhões desde sempre: qual a melhor parrilla de Montevidéu?


Ao longo desses 11 anos escrevendo aqui a minha resposta foi mudando, algumas opções nunca saíram de cena (beijo La Pulperia, um belo exemplo sustentando a qualidade há tantos anos), outras foram deixando de fazer sentido pra mim que também fui passando a comer bem menos carne. 


Hoje em dia passo até mal depois de ir numa parrilla e comer suas porções generosas. Para encarar o fim de noite tomando chazinho digestivo - o fim da xuventude, quizás - o negócio tem que ser bom e nisso fui perdendo o interesse de provar novidades - pelo risco hehe, deixando isso para outras esferas - e de repente todo mundo falando cê tem que ir no La Barra.



Daí que me rendi, fui conferir e pelo título desse post já está claro o resultado: a melhor carne que comi em muito tempo em parrillas em Montevidéu, macia, suculenta, tudo na medida. 

Caliu: Hotel ecológico em Colonia

Hoje vou contar do nosso fim de semana no Hotel Caliu, uma hospedagem diferente e especial em Colônia do Sacramento.


Fica distante apenas 6km do centrinho histórico mais fofo que a gente conhece no Uruguai, é bem perto, mas já afastado o suficiente para proporcionar outro cenário e uma experiência mais slow, de campo, natural.


Foi o primeiro hotel autossustentável do Uruguai, construído em 2019 com base no modelo Earthship Biotecture criado pelo arquiteto norte-americano Michael Reynolds. 


Um método ecológico de construção que utiliza materiais naturais e reciclados - como pneus, garrafas de vidro, latinhas, papelão. 


Trata-se de um sistema inteligente e funcional que dentre outras características pode armazenar, filtrar e redirecionar a água da chuva para diferentes fins, usar energia solar, é capaz de regular a temperatura interior com base na estrutura e materiais empregados na construção, não dependendo assim de ar condicionado ou calefação, etc.




Um tipo de construção que não gera impacto ambiental, ajuda a reciclar e repensar novas formas de habitar com beleza, propósito e funcionalidade. O Michael e sua equipe já viajou o mundo inteiro levando essa expertise para diversos projetos, tanto públicos como privados.


O projeto em Colonia é uma iniciativa da Jessica e do Mauro, um casal de argentinos que se instalaram no Uruguai e apostaram nesse sonho bonito de vida: abrir um hotel ecológico

Por vichar em Chihuahua

Por vichar, foi minha resposta ao primeiro como nos encontraram (do verbo olhar com curiosidade no jeito mais uruguaio de ser). 


Procurando terrenos na região, passei pelo que pensei que fosse uma cafeteria, guardei no mapa para visitar outro dia com mais calma. Voltei e descobri que se trata de uma tostaduria pequenina a poucos metros do mar em Chihuahua. 


Talvez o balneário com nome mais estranho do leste, possivelmente o menos careta, onde fica a praia nudista com um por do sol escandaloso de belo e também muitos estabelecimentos com bandeira lgbtq+, um filtro natural de gente com a mente cerrada, me diria mais tarde Matias. 


Era uma quarta-feira pré-temporada, só corria o vento. Paz e silêncio. O discreto cartaz dizia fechado, então resolvi ligar para confirmar o horário. Estava aberto, a placa do avesso foi pelo vento ou esquecimento.



Matias abriu o portão simpático e nos convidou para entrar contando com entusiasmo sobre o projeto: café de especialidade, ecológico, inclusivo. Ele uruguaio, a companheira austríaca, ambos professores de tango com longa experiência em projetos sociais com adolescentes e PcD mundo afora. 

Comer gastando menos em Montevidéu

Eu queria poder fazer um título mais apelativo: 'Comer bem e barato em Montevidéu', mas cá entre nós seria um grande exagero hehe. A gente até consegue gastar menos, mas barato - barato mesmo - é outra conversa.


E tem muitos temas que eu puxaria antes de falar de preço, o primeiro é que comida é cultura - e política - em vários aspectos: o que comemos e como comemos diz muito sobre um lugar.


Logo, viajar e se aventurar por sabores locais é parte de uma imersão literalmente gostosa de viver.


Um belo e clássico chivito uruguasho no Su-Bar.
 

Acontece que eu tenho em casa - beijo, mãe - uma pessoa resistente a sabores novos (e veja bem, morei em quatro países com gastronomias diversas e apresentá-las sempre foi um desafio), sei bem que muita gente prefere o conforto do que já conhece. 


É mais comum do que parece receber mensagens de leitores buscando restaurante brasileiro em Montevidéu até mesmo numa viagem de poucas horas (quem vem de cruzeiro e fica menos de 24h na cidade, por exemplo), a maturidade e mamãe me fizeram não julgar mais. 


Então, pega aqui a primeira dica do post: Uai Brasil, uma delícia de lugar no centro com nosso rico temperinho verde e amarelo.


Dito isso, vamos para as dicas para economizar na alimentação em Montevidéu.