MDPAula: experiência culinária em Montevidéu

Escolhi um sábado a noite para conhecer uma das atividades do MDPaula, um espaço que proporciona experiências imersivas culinárias em Montevidéu. 


A programação mensal é bem variada - comida italiana, latina, sushi, etc - e foi difícil decidir qual proposta - das muitas apetitosas - investir. Apostei na Noche Vermutera e acho que não poderia ter acertado mais hehe. 


A ideia da noite era elaborar pratos no estilo tapas españolas que acompanhavam maravilhosamente toda a linha de vermut da marca Rooster - uma das minhas preferidas do Uruguai, a bebida muito me faz lembrar da vida que vivemos em Barcelona, o aperitivo é um clássico cultural nas bandas de lá, onipresente em encontros e mesas de bar, foi onde passei a gostar, uma memória com gosto, cheiro e som que trouxemos para nossos dias esteños, aqui em casa sempre tem uma garrafa pronta para brilhar num copo com muito gelo e laranja. 


Junto comigo tem muitos consumidores jovens no Uruguai, o movimento do vermut cresceu, apareceu (na real seria mais adequado dizer que reapareceu, era um costume forte - trazido por imigrantes - que voltou a ser abraçado pelas novas gerações) e se consolidou. 


Tomar um bom vermut - de produção nacional - já é fácil em Montevidéu, há inclusive bares especializados na bebida, como El Vermú de la Aduana ou Vermutería (dicas especiais como essas vocês encontram no nosso Guia Digital, consiga o seu aqui). Há também eventos, agora em setembro, por exemplo, vai acontecer o segundo Encuentro Vermutero na capital com diversos produtores latino-americanos, veja mais info nesse link.


Pero bueno, estava contando da noite na cozinha. Vamos combinar que já prometia com essa temática de sucesso, mas a experiência conseguiu ser ainda melhor do que eu esperava: O MDPaula é bem equipado e confortável, me senti na própria cozinha do Masterchef (assisti muitas edições e na minha cabeça tinha chances de ir longe no programa porque trabalhamos com a autoestima elevada haha, ou seja, viver a experiência numa cozinha assim foi quase um sonho de princesa que mete a mão na massa, nesse caso literal hehe).



Achei tudo muito organizado e fluido, entramos na casa e encontramos numa grande bancada os aventais e receitário da noite. Cada pessoa se posicionava onde queria e no horário certinho a Marina, cozinheira e uma das idealizadoras do projeto, começou explicando o plano da noite e repassou rapidamente as receitas, o que me chamou a atenção de imediato foi que não se tratava de uma aula na qual ficariamos observando e minimamente tentando seguir os passos, a proposta no MDPaula é mais dinâmica e interativa.


Dividimos os grupos (em duplas ou trios) e num sorteio cada equipe descobriu o que iria preparar. Eu fui sozinha e minha dupla - que também tinha ido sozinha - era uma querida total, pareciamos amigas de longa data hehe, nos divertimos muito cozinhando. Ficamos com dois pratos: papas bravas com alioli e satay de frango que modéstia a parte ficou delicioso.


Cada dupla ou trio se organizava e fazia os preparos com autonomia, nos familiarizamos facilmente com as instalações: há estantes com os ingredientes do receitário e os muitos utensílios de cozinha, tem equipamentos profissionais, como o super fogão que quase me intimidou, mas fui encorajada a experimentar e achei o máximo. 


O ritmo é intenso e divertido, todo mundo trabalha hehe, coloca a mão na massa de alguma maneira e aprende: vai pegar os alimentos, higienizar o que precisa, pesar as quantidades indicadas em cada receita, tem quem fica no fogão, tem quem fica na tábua, etc. 




O grupo era muito bacana e diversificado, tinha gente que foi sem conhecer ninguém como eu, teve quem foi de casal, teve duplas de amigos, gente mais jovem, gente mais vivida, teve até um cozinheiro famoso que foi curtir esse momento com amigas de pouca experiência na cozinha hehe (assisto o programa dele na tv e cozinhamos um tempo vizinhos de praça, nunca na vida achei que fosse passar uma vergonha tão gostosa hahaha, foi bem na hora que fiz um passo errado da receita, levantei a vista e pude ler nos olhos dele a iminência do fiasco, mas prontamente tive o suporte da equipe para voltar ao eixo e o divo muito acessível e humilde passou a noite  seguindo a receita que recebeu como se fosse um novato mais na cozinha), uma turma muito legal que fez a noite ainda mais agradável. 


No final - já depois de bons drinks de vermut - montamos uma mesa belíssima com todas as preparações e foi um momento super gostoso de compartilhar, brindar, tava todo mundo orgulhoso: rendeu um banquete bonito à luz de velas com tudo realmente delicioso, o pessoal mandou bem demais e sabemos que não foi casualidade. 




Há um trabalho grande de muita prática e precisão das receitas para funcionarem, inclusive em mãos menos habilidosas. Tem uma atenção no acompanhamento, uma presença da equipe que vai fazendo a mágica toda acontecer: junto com a Marina há outros 2 profissionais que assistem o grupo, vão ajudando nos passos da receita e ordem do espaço comum, tirando dúvidas, etc. 


Eu já sabia que curtiria a noite, pois cozinhar pra mim é necessário e revolucionário (vai além de gostar, como adulta funcional e consciente, acho importantíssimo falar sobre comida, tomar essa responsabilidade e se der pra fazer com leveza e prazer melhor ainda, né, maravilhoso ampliar o repertório, provar coisas que habitualmente não faria em casa, etc, então sim, se me chamarem para cozinhar eu vou e vou animada), mas ainda assim surpreendeu, achei que teve entrega, teve troca, teve riso solto - teria o vermut dado uma forcinha extra? - comunhão com mesa farta e comida boa. 


Teve gente feliz que é coisa bonita de ver e viver. Achei muito recomendável e quero muito poder repetir. E você, participaria de um encontro assim?


Abraço!

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