Preciso confessar que gosto de ser a turista da família charrua, mesmo depois de 2 anos vivendo no paisito, sempre aparece alguém com uma história ou curiosidade para contar, com alguma comida diferente para provar ou com dicas de algum lugar para visitar.
Foi num bate-papo de verão que me contaram sobre o Bosque de Ombues e claro, fiquei curiosa para conhecer.
O ombú geralmente cresce isolado nas planícies dos pampas e é uma planta que tem uma relação muito forte com a cultura gaúcha do país.
No Uruguay, por razões ainda pouco esclarecidas pela ciência, é possível encontrá-los agrupados formando impressionantes bosques em regiões distintas.
Um agrupamento está no departamento de Rocha e o outro - um pouco menor - no departamento de Minas.
Conheci o Bosque de Ombues que fica no departamento de Rocha, lá pertinho de La Paloma.
A visita é bem interessante e começa com um passeio de barco pelo Arroyo de Valizas, um rio com pequenas casinhas de pescadores e uma calmaria que só é quebrada pelo canto dos pássaros e ruído do motor.
Desde o barco já podemos ver algumas aves nativas, vacas e ovelhas pastando nas margens do canal, as vezes até esqueciamos que a praia estava do outro lado!
A viagem de barco é curta, cerca de 15 minutos e chegamos no Rincón de los Olivera (a família é dona dessas terras desde o ano de 1793), é desse lugar que iniciamos a caminhada pelo bosque.
A caminhada é leve e plana, e como os ombues são conhecidos pela sombra generosa que oferecem, mesmo nos dias quentes de verão o passeio é agradável.
Não é exagero dizer que o guia conhece cada árvore do bosque, aliás nesse ponto há toda uma controvérsia para definir se o ombú é uma árvore ou um arbusto.
A primeira vista tive certeza que estava diante de árvores: os troncos são largos, a altura pode chegar a 15 metros e algumas tem 500 anos de idade (!!!), mas a medida que ele ia explicando mais detalhes, como por exemplo que o caule do ombú contém muita água e não forma uma madeira firme como estamos habituados a ver, forma um tecido esponjoso que não queima, já não sabia o que pensar.
No final a definição é o que menos importa, você se deixa levar pela beleza de estar cercada pela natureza e se diverte com as formas, espaços e tamanhos das inúmeras plantas.
Depois de ouvir muitas histórias, voltamos para pegar o barco e cruzar para o outro lado do rio onde fica uma reserva, lá a propriedade é estatal e a visita é guiada por um guarda-parque, nessa parte além da diversidade de árvores, há mirantes para observação de aves.
Muita gente acredita ainda que o ombú guarda poderes misticos e estar em contato com estas plantas seculares pode provocar sensações raras.
Acreditando ou não nessa energia, o passeio é bem gostoso e vale para todas as idades, no nosso grupo tinha criança, adulto, idoso, casal, família... e na volta todo mundo parecia satisfeito com a experiência.
Abraço! ;)
Mais informações:
Pegamos o barco na Ruta 10, Km 267 entre La Paloma e Aguas Dulces (é fácil identificar o lugar pelo rio, cais e casinhas. Chegando lá é só procurar a agência da família Olivera, é a única disponível).
O passeio custou uns 250 pesos uruguaios por pessoa e enviei um e-mail perguntando se houve alteração de preço, acredito que não, mas se for o caso, assim que receber uma resposta atualizo o post.
P.S.: antes de ir tinha lido na internet que o passeio incluía chorizos e empanadas, quando perguntei ao carinha, ele disse "no, no crea en estas cosas de internet" rs. Encontrei empanadas no Rincón, mas eram pagas a parte.