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A legalização da maconha no Uruguai

A legalização da maconha no Uruguai: post polêmico, mas um assunto frequente.

Nas minhas idas ao Brasil chegava a ser engraçado o tom curioso que sempre me perguntavam 'é verdade mesmo que é liberado?' e até pouco tempo atrás a quantidade de e-mails que recebia com uma interpretação totalmente equivocada da lei era enorme. 

Todo mundo aparecia com planos e mais planos de negócios espetaculares com a erva no Uruguai, pouca gente se dava o trabalho de ler a lei, mas já queria saber quanto custava um ponto na capital e o passo a passo - detalhado - de toda a burocracia para abrir um coffee shop. 

A ideia que pairava era basicamente: vamos vender crazy cake, uns cigarrinhos, fazer uma grana e ser feliz num lugar livre e pra frentex! E né? Não é desse jeito que a banda toca. 

Esperei a poeira baixar para poder tocar nesse tema aqui no blog. Primeiro porque de verdade nada mudou na minha rotina de moradora. Nada. Depois porque estava com preguiça da língua afiada da turma que se sente ofendida pela legalização. 

Fato é que o Uruguai ganhou as manchetes de todo o mundo com a implementação da lei número 19.172 (e posteriormente do decreto 120/014), o país ousou na iniciativa de regular todo o processo produtivo da cannabis, dispondo sobre o plantio, cultivo, distribuição, venda e consumo.

Foto Marcelo Bonjour / El Pais Uruguay
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Um dia em Cabo Polonio

Não canso de dizer que Cabo Polonio é um dos lugares mais mágicos desse país, uma beleza em estado bruto, um lugar autêntico e único.

Bate e volta em Cabo Polonio no Uruguai

Sempre que passamos o réveillon em La Paloma aproveitamos para esticar as férias em Cabo Polonio, mas no último verão estavamos com Gabi tão piquitica (4 meses) que achamos melhor não encarar o saculejo do caminhão para chegar na praia.

Esse ano nos sentimos confortáveis para fazer a viagem em família e fomos felizes reencontrar nosso paraíso! :)

Para chegar na vila há toda uma aventura: tudo já começa a mudar de cara quando chegamos na altura do km 264 da Ruta 10. 

Cabo Polonio faz parte de um parque nacional e por proteção apenas veículos autorizados podem circular lá dentro. Quem chega de carro precisa parar no estacionamento e seguir em caminhões como esse da foto.

Como chegar em Cabo Polonio

Na teoria agora em janeiro os caminhões partiam a cada 1h, nós chegamos em cima da hora e não conseguimos lugar livre, mas em menos de 15 minutos apareceu outro caminhão vazio e pudemos seguir viagem sem muita espera. 

São 7km balançando entre dunas e bosques num percurso que dura quase meia hora. No caminho as paisagens são arrebatadoras e revelam os segredos de um dos destinos mais pitorescos que conheci na vida: tudo é muito simples e rústico, meio improvisado, despretensioso, natural.

Cabo Polonio tem uma energia diferente, é difícil explicar o que torna tão especial. Não tem luz elétrica nem água corrente, as ruas são todas de areia, o ritmo é lento e de paz.

Hospedagem em Cabo Polonio
Hospedagem em Cabo Polonio

A passagem do caminhão ida e volta custa 200 pesos (aproximadamente 25 reais). A volta não precisa marcar um horário, é só chegar no ponto e esperar na fila. 

Nós fomos só passar o dia, chegamos de manhã e voltamos no meio da tarde para La Paloma. Deu para aproveitar bastante, ficamos um tempo na praia La Calavera e por volta do meio dia quando o sol ficou mais forte nos refugiamos no restaurante Lo de Dani que tem uma sombra boa para almoçar com tranquilidade.

Não achei os preços caros, nada muito diferente do que pagamos em Montevidéu. Pedi de entrada uma porção de buñuelos de algas, os bolinhos fritos de alga marinha típicos da região, que custou 170 pesos e meu prato principal foi peixe com batatas fritas e molho de queijo por 380 pesos.

Onde comer em Cabo Polonio

Depois fomos passear no farol, a subida custa 25 pesos e a vista é sensacional. Gabi fez a soneca do dia na base do farol curtindo a sombra, o barulhinho do mar e dos lobos marinhos fazendo a festa.

Dicas Cabo Polonio Uruguai
O que fazer em Cabo Polonio no Uruguai

Daí voltamos para o centrinho e pegamos o caminhão de volta. Os amigos que nos acompanhavam foram curtir a praia Sur que estava divina bem verdinha e gelada.

A água do mar é sempre gelada, mas o banho é uma delícia, vale a pena encarar os primeiros segundos congelantes rs. 

Morri de pena de voltar, o dia estava incrível, mas não quis abusar e passar o dia inteirinho com a pequena na praia, o calor em janeiro é forte, nós levamos um guarda-sol e garantimos sombra o tempo todo (não tem árvores nas praias, não rola sombra natural, recomendo que levem ou aluguem).


Cabo Polonio funciona bem para um bate e volta só para quem faz base nas cidades próximas, como Águas Dulces ou La Pedrera, jamais para quem está em Montevidéu, desde a capital são boas 5h de viagem e um bate e volta de 10h de viagem é loucura total.

Para a experiência ser completa e ainda mais especial vale a pena passar uma noite e ver o céu todo estrelado curtindo o movimento dos bares com viajantes do mundo todo.

Na saída pagamos o estacionamento (190 pesos a diária) e eu já fazia planos para voltar.

Quem mais está contando as horas para viver a magia de Cabo Polonio? :)

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Sobre morar fora, sobre morar no Uruguai

Há mais de um ano tenho esse texto guardado. Há mais de um ano fico em cima do muro sobre publicá-lo ou não.

Primeiro porque acho muito difícil encontrar o equilíbrio justo para descrever minha experiência morando em Montevidéu de um jeito que seja útil para outras pessoas. 


É mais fácil - e gostoso - contar sobre o restaurante divino que conheci no fim de semana.


Já reclamaram que eu falo desses assuntos da vida no Uruguai (emprego, moradia, custo de vida) sem uma pesquisa que respalde meus argumentos e isso não está certo. Risos. 


Não me leve tão a sério, não quero tomar o lugar do Ibope ou Datafolha. O blog é modesto desde sempre: Uruguai por uma brasileira, é só minha opinião sem a pretensão de ser a única verdade, tá? 


Segundo porque os textos ficam imensos e pouca gente tem paciência de ler, é tanto tempo tentando colocar os sentimentos no papel, no final a maioria das pessoas esperam que eu diga se elas podem viver aqui ganhando X, quanto custa um apartamento '''bom''' em reais e se elas vão demorar para conseguir emprego. 


E só posso indicar sites para pesquisarem e contar como foi comigo, mas tem gente que acha pouco, acha ruim, fica com preguiça. 


Depois tem as dúvidas sobre documentação, tirei meus documentos uruguaios faz tempo e não acompanho as normativas e decretos para saber o que mudou ou não no processo.  


Essas informações encontramos nos sites oficiais, os documentos que precisam apresentar para solicitar a residência estão bonitinhos detalhados nos sites da DNM e Consulado Brasileiro, se a sua situação não está abarcada nos textos eu não faço a mínima ideia como resolvê-la, de verdade. 

Observo que muita gente tem o Uruguai como válvula de escape, os e-mails que recebo em grande parte seguem a linha do 'cansei do Brasil e quero viver num lugar sem corrupção, violência, onde meus direitos sejam reconhecidos e o ser humano seja valorizado, etc e tal'.


Algumas pessoas imaginam realidades nórdicas, aliás muita gente queria ir para um lugar decente - nas entrelinhas Europa - mas o Uruguai está aqui do lado, sabe como é, mais fácil.


Talvez embalados pelas declarações do ex-presidente Mujica e/ou dados que apontam os melhores índices sociais da região, o Uruguai acaba sendo uma opção viável para o sonho de mudança e uma vida melhor, com menos impostos e mais segurança.


É preciso calma e bom senso para avaliar essas informações. Eu amo esse país, mas negar que existem problemas seria no mínimo estupidez.

Me preocupo quando vejo famílias inteiras querendo passar por uma mudança sem realmente pesar as consequências, porque ver pessoas tirando um ano sabático ou buscando uma experiência diferente por um período de tempo determinado é muito animador, mas ver famílias inteiras rompendo laços para tentar a vida numa terra dos sonhos sem a menor estrutura, são outros quinhentos, pelo menos na minha cabeça.

A vida no Uruguai é dificil para quem chega com um CV, a cara e a coragem. 


Conseguir trabalho na própria área de atuação é tarefa árdua (salvo na área de TI). Não importa se você tem mestrado, doutorado, fala 11 idiomas e tem experiência. É difícil e ponto. Claro que quanto mais conhecimentos tiver, melhores oportunidades você terá, mas ainda assim romper a barreira do QI e da desconfiança dos recrutadores leva tempo e requer sorte.


Sobre o QI, vulgo quem indica, em empresas que trabalhei, os funcionários recebiam um mimo de mil doletas por indicação que resultasse em contratação (não para os cargos básicos de administração, mas na área de TI, por exemplo). Nao sei você, mas por mil doletas eu andaria com o CV dos coleguinhas na bolsa, só pela dúvida, vai que abre vaga, né?


Até nesses trabalhos meia boca do mercado português a indicação era a chave para entrevista. Várias vezes o pessoal do RH me pedia indicação, eu perguntava as amigas e era unânime a resposta: mas Jami, já enviei meu CV para o e-mail que saiu no jornal/site e nunca me ligaram. Depois que imprimia o CV e entregava a recrutadora, as meninas eram chamadas para entrevista no mesmo dia. O mesmo CV, a mesma vaga, caminhos diferentes.

O custo de vida eu continuo achando altíssimo e muita gente quer comparar com o Brasil, acho que só faz sentido comparar se você vier com uma renda fixa, se for trabalhar aqui, avalie os custos com base nos salários oferecidos no Uruguai.

Eu mudei em 2011 e até hoje os empregos do mercado português pagam mais ou menos a mesma coisa, em média 16 mil pesos líquidos. Para a vida que eu levava no Brasil depois de formada e esperava manter no Uruguai, esse valor não pagaria nem meu aluguel. Para a vida que eu levava como intercambista no exterior dividindo apartamento sem muitas exigências com outros estudantes, esse valor estaria razoável. 

Em diferentes fases da vida teria um parâmetro diferente, imagina estabelecer isso para outras pessoas que eu não conheço. Não é má vontade quando perguntam com quanto se 'vive bem' e eu respondo depende.

Hoje eu diria que para um casal viver confortavelmente (dentro do que eu subjetivamente entendo como confortável), teria que conseguir uma renda mínima de 60 mil pesos. Pode parecer tranquilo cada um conseguir um emprego que pague 30 mil pesos líquidos, mas sendo recém-chegado, sem contatos e com espanhol mais ou menos é complicado (para ser sincera, até hoje não dei essa sorte e já teria arrumado minha trouxinha se não tivesse uma renda no Brasil que banca parte dos meus gastos).

Aliás, sobre o espanhol não poucas vezes me perguntaram se é mesmo importante. Oi? Você já imaginou se conseguiria desenvolver o seu trabalho atual se não falasse português ou se entendesse bem, mas falasse mais ou menos? Se você achar que poderia desenvolver essa mesma atividade sem poder comunicar-se, talvez você consiga um trabalho similar sem falar espanhol.

Quando me perguntam o que eu acho de tentar a vida aqui, eu acho que depende de muitos fatores. Não é a mesma coisa chegar com uma reserva financeira (óbvio que encontrará mil portas abertas para empreender, alugar, comprar, contratar serviços, etc) e chegar com a grana contada precisando arrumar emprego em 30 dias. 

Outra coisa que me chama atenção é essa ideia que os brasileiros têm do Uruguai ser a Amsterdam das Américas, algo que eu, particularmente, não vejo acontecer. Pode fumar maconha na rua, na chuva, na fazenda? Pode! Mas não sinto que a sociedade -  o senso comum - é toda super pra frentex, mega evoluída, pererê e parará. Acho, inclusive, que o uruguaio é em muitos aspectos bastante conservador.

Quando cheguei em Montevidéu não entendia porque eles - os uruguaios - reclamavam de tanta coisa. 

Ah, essa gente não sabe o que é problema de verdade. Pensei muitas vezes.

Mas ó: sabe, sim! E só vivendo aqui para perceber essas nuances, sacar a malandragem, se virar na vida ganhando em pesos.

Voltei a viver no Uruguai depois de um ano morando na Irlanda. Na primeira semana de volta: 

- Levei um banho da imigração para pegar a cedula, horas e horas em filas (e grávida, prioridade mandou um beijo), pingando de um lugar a outro e sempre aparecendo um documento que eu não tinha e era necessário, mas que ninguém avisava antes; 

- As idas aos supermercados cheias de surpresas, consumir muitos itens parece coisa de rico. Não acho justo, por exemplo, que produtos exportados daqui sejam mais baratos lá na Irlanda ou no Brasil; 

- Fico indignada quando lembro que deixaram o vidro do carro em pedacinhos (é, tentaram roubar) apenas no tempo que fui a uma consulta médica e voltei.

Podia ter sido no Brasil, mas aconteceu no Uruguai.

Como não estou aqui para ficar chorando as pitangas, a primeira semana teve também encontro com pessoas especiais e que estavamos morrendo de saudades, teve churrasco e doce de leite, teve passeio na rambla sob um calor de 40 graus, teve por do sol de cinema,  teve conquista de emprego novo, teve sorrisos e amor.

Podia ter sido no Brasil, mas aconteceu no Uruguai.

E toda essa conversa por quê, Jamile? Porque eu já recebi centenas de mensagens de pessoas que se dizem cansadas do Brasil, cansadas de pagarem impostos e não verem retorno, cansadas da Dilma e do PT, cansadas de serem desrespeitadas e que imaginam que aqui do outro lado da fronteira esses problemas irão terminar como mágica.


E não é bem assim! Aqui é maravilhoso, mas não posso fechar os olhos para a existência de corrupção, criminalidade e o fato da gente também pagar uma grana em impostos e também precisar pagar assistência médica privada, seguro de carro, escola das criancas, etc. 


Toda essa conversa para dizer que nem sempre a grama do vizinho é mais verde como parece. Para dizer que é preciso separar o que é notícia pop e o que é realidade, entender que uma coisa é ser turista e outra morador.


Morar fora envolve sentimentos que pesam mais do que apenas números. Já morei em lugares onde as oportunidades a longo prazo eram maiores, onde ganhavamos mais dinheiro, viajavamos mais, consumiamos mais, havia mais segurança, o Estado se fazia mais presente e todo esse cenário divino não foi suficiente para nos fazer permanecer por muito tempo.

Tenho total convicção que não foi o índice de IDH ou PIB per capita que me fizeram adotar o Uruguai como casa. 

Morar em Montevidéu

Por fim, mudar de país não é como mudar de bairro. É uma mudança que mexe muito com a gente e para bancar essa montanha russa de emoções é preciso ter estrutura - emocional e financeira. 

É outro país, outro idioma, outro clima, outra cultura, outros hábitos (válido também para quem vem do Sul do Brasil, não dá para pensar que é a mesma coisa porque se toma mate e faz frio no inverno! Acredite, eu sou muito mais parecida as amigas gaúchas do que as uruguaias, 
estou falando em termos de background, obviamente). 

Levar isso em conta é também um sinal de respeito a história do novo lugar.


E chegando aqui cada pessoa leva seu próprio tempo para encontrar um espaço nesse mundinho. Para alguns é mais rápido e fácil, para outros nem tanto, como tudo na vida.


Infelizmente não consigo responder todo mundo, mas os sites estão aí para pesquisa: 


Alguns dados para ajudar nas pesquisas: Os preços de imóveis para a venda estão sempre em dólares americanos, a economia uruguaia funciona assim, não é porque você é estrangeiro e estão sendo espertos. 

Então um apartamento não custa 300 mil pesos ou a bagatela de mais ou menos 30 mil reais como me perguntam t-o-d-o  dia, esse precinho aí está em dólares, são 300 mil dólares, ou  bons 900 mil reais.

O dólar está disparando e não vejo nenhum reajuste de preços no mercado. Quem fez financiamento senta e chora, mala suerte.


Aluguel pode estar em dolares ou pesos, para não ter mais erro: u$ quer dizer pesos uruguaios e U$$ dólares. Gastos comunes seria o equivalente a condomínio. É comum não ter garagem incluída, há muitos estacionamentos em todos os bairros (paga-se mensalidades de cerca de 2 mil pesos para o carro não dormir na rua).

Para alugar apartamento você não vai precisar da figura do fiador, mas precisará apresentar garantias (comentei a respeito nesse post). E dói o bolso. Se alugar com imobiliária, precisará pagar ainda a comissão. Sim, o inquilino paga comissão no valor do aluguel aqui.

Um real no cambio sofrido de hoje vale 7,90. Se não quiserem usar um conversor de moedas online, usem uma calculadora. É chato o dia todo receber mensagem 'quanto é isso em reais?'.


Espero ter ajudado e colocado alguns pontos na balança, minha mensagem não é fazer ninguém desistir ou focar nas dificuldades (o que mais faço aqui é mostrar as coisas lindas que esse país oferece), ponderei com franqueza o que gostaria de saber antes de migrar. 

E aos que já chegaram ou estão arrumando as malas, desejo um caminho cheio de aprendizado e felicidade. Quem sabe nos encontramos por aí!?

Quem conseguiu ler todo o texto, obrigada pela paciência rs! Sorte e positividade! :)

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Carnaval no Uruguai

Você sabia que o carnaval uruguaio é considerado por muitos o mais longo do mundo? 

Pois é, são cerca de 40 dias de folia. 

Quando descobri essa informação fiquei impressionada e me perguntando como as pessoas sobreviviam a tantos dias de festa até entender que o carnaval daqui era diferente daquele cenário de vuco-vuco e multidões das ruas no Brasil.

A coisa é mais organizada e bem menos ruidosa por essas bandas de Montevidéu, os eventos acontecem normalmente em teatros e arenas montadas para a festa, você compra seu ingresso, assiste o espetáculo e a rotina da cidade segue pouco abalada.

Então não espere ver as ruas principais cortadas para as pessoas brincarem por mais de um mês, isso acontece em algumas ocasiões, como na abertura do carnaval e no Desfile de Llamadas

Apesar do calendário marcar 40 dias, o feriado mesmo para quem trabalha vale apenas na segunda-feira e terça-feira de carnaval. 

[ Aproveitando para relembrar esse post que ajuda a entender os feriados uruguaios]

O ritmo da festa é marcado principalmente pelas murgas e candombe.

A murga é mais teatralizada, é interpretada por um coro acompanhado de instrumentos musicais e é comum que as canções tenham como tema questionamentos políticos e sociais.


Carnaval no Uruguai

Pode ser um pouco difícil de entender: primeiro pelo tom que é cantada, se você não tiver muita familiaridade com o espanhol não é tão simples decifrar a letra e depois porque comentam eventos que ocorreram durante o ano, por exemplo, na época do escândalo da empresa aérea Pluna várias murgas usaram esse tema como pano de fundo para fazer suas críticas.

E sempre há um humor levemente sarcástico, uma alfinetada aqui e ali a figuras importantes do cenário político e televisivo local, se a noticia não foi algo que saiu das barreiras do paisito é provável que você não entenda exatamente o que eles estão falando ou porque as pessoas em volta estão rindo tanto, mas ainda assim garanto que é uma experiência muito bacana assistir um espetáculo de murga.

As apresentações acontecem em teatros ou arenas armadas em vários pontos da cidade, especialmente no verão antecedendo a festa de carnaval. 

O candombe é um ritmo percussivo e contagiante, tem origem africana e é representado por grupos – comparsas – que desfilam na batida de três tipos de tambores – chico, piano e repique. Tem músicos e bailarinos com vestimenta tradicional, personagens africanos e coreografia.

Você pode ver as comparsas desfilando nas ruas do bairro Sur e Palermo no que eles chamam Desfile de Llamadas ou na abertura do carnaval que ocorre na Avenida 18 de Julio. 

Se puder assistir algum ensaio, não perca a chance de ver de perto uma 'cuerda de tambores', será difícil não entrar na dança.

Já li que o candombe seria a salsa uruguaia, mas na minha opinião não é uma comparação tão acertada. 

Além de pontos culturais questionáveis que essa afirmação carrega, musicalmente falando o candombe está mais para uma batucada do Olodum do que aquele toque de salsa e a dança é mais solta, não tem tantos passinhos ensaiados de casal.

Na capital as ruas não são invadidas por foliões, mas no interior do país, na fronteira com o nosso Brasil, o carnaval tem outra cara. Cara de samba, com escolas, passistas e baterias. Tem cidades que recebem até trio elétrico com bandas tocando axé music!

Nesse post mostrei um pouco do carnaval de Artigas e suas escolas de samba.

Outro lugar onde as ruas ficam cheias de gente é La Pedrera, conhecido como o destino de la joda do carnaval uruguaio, ou seja, aquele zumzumzum de paquera, agito, badalação, música alta e bebidas correndo solta. 

Olha só o festival We Color que promete agitar a cidade vizinha La Paloma:


A festa tem distintas formas e propostas a depender da região do país, com qual opção você fica? 

Eu cada vez gosto mais da coisa organizadinha, tranquila e divertida! #ficandovelhaechata :)


Abraço!


***

Update:

As datas para os desfiles de 2015 em Montevidéu já foram anunciadas, anota aí na agenda: no dia 22 de janeiro ocorrerá o Desfile Inaugural do Carnaval na Avenida 18 de Julio a partir das 21h e no dia seguinte será a vez dos desfiles das escolas de samba. 

Já as datas para os Desfiles de Llamadas estão previstas para os dias 05 e 06 de fevereiro nas ruas Carlos Gardel e Isla de Flores que ficam nos bairros Sur e Palermo. 

Há arquibancadas para assistir e as entradas estão a venda no Museo del Carnaval e Abitab (que tem em toda esquina de Montevidéu). 

Alguns moradores transformam a varanda de casa em camarotes e cobram pela entrada. 

É possível buscar um lugarzinho na rua e assistir sem pagar nada também, mas lembrem-se que é festa de rua, pode parecer tranquilo, mas não vai marcar bobeira fazendo selfie com seu Iphone 6, né?

Se você vem em janeiro ou fevereiro, mas os eventos não coincidem com as datas da sua viagem, toda terça e quinta feira no MAM há apresentações carnavalescas a partir das 20h, um motivo a mais para conhecer o simpático mercado agrícola de Montevidéu e os ritmos e cores do carnaval uruguaio! 

Divirtam-se! ;)


Foto Murga - El País Uruguay
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Blogagem Coletiva: Gastronomia Típica Uruguaia

Primeira blogagem coletiva que o Viver Uruguay participa e o tema não poderia ser mais gostoso: gastronomia.

Reunimos um grupo de 6 blogueiras que vivem em diferentes partes desse mundão para falar das comidas e bebidas tradicionais dos lugares que cada uma mora e a ideia era a cada sexta-feira uma participante publicar um post com o prato escolhido, a receita e uma bebida também local para acompanhar.

Gastronomia uruguaia

Receitas uruguaias

Desde que aceitei participar pensei em vários pratos diferentes, todo mundo sabe que o mais típico do Uruguai é o churrasco, então pensei em fazer alguma coisa com carne, mas não me convenci. 

Aí chegou o dia da feira do bairro e voltei cheia de folhas, verduras e legumes. Pensei em fazer uma pascualina, revuelto de zapallito ou gramajo e quando contei ao representante mais uruguaio da casa, ele perguntou 'e por que não um chivito?'.

Claro, precisava ser um uruguaio para me lembrar do chivito rs! É que eu nunca acostumei a ver o chivito como refeição, sabe? Mas aqui é isso que ele é, um prato e não um lanche da tarde.

Então decidi que o chivito iria representar o Uruguai e fazer bonito junto com as outras receitas que as meninas postaram lá da Alemanha, Itália, Grécia, Argentina e Turquia.


No domingo - com algumas interrupções da baby rs - preparamos nosso chivito canadiense con papas, um super clássico! 

De ingredientes precisamos: 
  • Pão tortuga - é o pão tradicional do chivito, redondinho e macio. Algumas chiviterias mais moderninhas usam outros tipos de pães, eu gosto muito de usar o pão ciabatta também.
  • Carne - tem que ser um corte de carne bom, aqui usam o lomo e acho que é o que dá o gostinho especial, tira a cara de hambúrguer comum.
  • Ovo, queijo, presunto, bacon em tiras, azeitonas, pimentão vermelho em tiras, tomate cortado em rodelas, alface e maionese.

A carne é cortada como um bife e passada na frigideira, o corte não pode ser muito grosso e o tempero é o de sua preferência, nós usamos um temperinho de carne desses prontos, sal, pimenta e azeite. 

Também passa na frigideira o bacon, pimentão e frita o ovo (algumas receitas usam o ovo cozido e fatiado). 

Receita chivito uruguaio

Colocamos o queijo em cima da carne quente para derreter, espalhamos a maionese no pão quentinho e montamos o chivito intercalando com os demais ingredientes. 


Culinária uruguaia

O acompanhamento é batata frita ou ensalada rusa, como eles chamam o que conhecemos como salada de maionese.

Nós escolhemos a batata, mas dispensamos a fritura. Fizemos no forno e ficou tão bom quanto frito, juro! 

Primeiro cozinhamos as batatas com casca por uns 10 minutinhos (não é para cozinhar tipo para purê, tem que ficar durinha para cortar e colocar no forno). Depois cortamos em gominhos - com a casca mesmo - e temperamos com uma mistura de azeite e curry. Em seguida colocamos no forno pré-aquecido e deixamos por uns 20 minutos ou até que estejam assadas.

Ó, ficou bom demais esse negócio! Melhor do que muita chiviteria dessa Montevidéu rs!


De bebida escolhemos um vinho e para representar bem o Uruguai a escolha não podia deixar de ser um tannat (a cepa mais tradicional do país).

Se vocês ficaram curiosos para ver o que as outras blogueiras aprontaram, os links para os posts são os seguintes:

Damares do KeViagem - Receita alemã

Dani do Dicas de Roma - Receita italiana

Mari do Buenos Aires, queridos - Receita argentina

Gabrielle do Minha Turquia - Receita turca ( a publicar)

Virna do Uma brasileira na Grécia - Receita grega ( a publicar)


Tem delicinhas do mundo todo, gente! Vale a pena dar o click!

Eu adorei fazer parte dessa viagem gastronômica, me diverti com as receitas (incorporou uma coisa Ana Maria Braga de ser rs) e espero que vocês tenham gostado também.

Abraço! ;)


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Curiosidade: Eleições presidenciais no Uruguai

Engraçado como o tempo vai deixando a gente menos sensível as diferenças do cotidiano, talvez porque os novos costumes se misturam tanto com aqueles que trazemos na bagagem que chega um momento que vira tudo um corpo só, deixando as referências do que é normal e diferente quase num mesmo plano.

Pode ser exagero, preguiça ou rotina, mas fato é que já não é tão fácil identificar as novidades.

E andava assim sem muita inspiração até que chegaram as eleições presidenciais e eu mergulhei novamente nesse mundo das diferenças e teorias de mesa de bar cheias de divagações sobre o sistema, comportamento, política, etc e tal. 

Confesso que fiquei receosa de trazer esse tema ao blog porque não queria fazer um artigo jurídico sobre o sistema eleitoral (não estudei nenhuma lei, são observações que vivi no dia a dia) e também não queria ficar naquele maniqueísmo eterno de direita X esquerda ou comparações do tipo melhor X pior.

Queria só dividir o que achei bacana no processo eleitoral no paisito e começo pelo que chamou mais minha atenção: as 'elecciones internas' que ocorreram ontem. 

Nessas eleições o voto é facultativo e as pessoas decidem qual candidato irá concorrer as eleições em outubro. Eu achei isso fantástico!

Basicamente são três partidos no Uruguai: Nacional, Colorado e Frente Amplio (há um partido independente também - e outros ainda menores, mas tem pouca representatividade e lançam apenas um candidato). 

Dentro de cada partido existem especies de sub-grupos, ou seja, no partido de esquerda ou direita há a banda mais conservadora, radical, etc, e essas 'correntes' escolhem um nome para disputar as 'elecciones internas', fazendo com que cada partido indique dois candidatos para o povo escolher. 

Imaginem se tivessemos o poder de escolher quem seria o candidato do partido X? Para ficar mais didático, é pensar que iriamos as urnas previamente decidir se o candidato a presidência seria Serra ou Neves, Lula ou Dilma. 

É bem verdade que o partido define os dois nomes que vão a disputa, mas é o povo quem declaradamente bate o martelo final de quem irá disputar o cargo mais importante da nação. Um pequeno e belo detalhe.

O mais curioso era ver a campanha correndo solta com mais de um candidato representando o mesmo partido. Era muito confuso para minha cabeça porque a principio não conseguia associar ideias a determinado grupo, não conseguia ligar um partido a uma identidade.

Via duas pessoas levantando as cores e bandeiras iguais, mas não necessariamente defendendo a mesma linha política, alguns inclusive propondo projetos opostos um do outro. Era coisa de fulano do partido X ser a favor da legalização da maconha, por exemplo, e ciclano do mesmo partido X ser contra. E em muitas oportunidades há trocas de farpas, grandes alfinetadas entre eles. 

Acho que de certa forma esse modelo abre a dinâmica interna dos partidos, tenho a ilusão que o poder saí - ainda que temporariamente - daquele lobby político de poderosos que financiam as campanhas com interesses duvidosos e pula para as mãos do povo.

As principais figuras não posam de amiguinhos nesse momento, é cada um querendo mostrar para quem importa - o eleitorado - quem é o melhor no jogo. Depois eles podem até fazer as pazes rs, mas é interessante acompanhar os movimentos que se criam.

Nesse ano muito se comentou sobre o baixo número de participação dos uruguaios, o menor número de votos desde que se instalou esse sistema, especialistas discutiram as razões da falta de interesse e a possibilidade de tornar o voto obrigatório ou realizar alterações no processo eleitoral. No total apenas 37% da população foi as urnas.

Sobre as diferenças na abordagem dos candidatos aos eleitores ainda tem muita água para rolar. 

Nessa campanha prévia se eu for comparar com o que vivia no Brasil, posso dizer que ouvi menos gritos e músicas irritantes rs, mas recebi muito papel no trânsito, na rua, na chuva, na fazenda... 

Tinha gente entregando panfleto em todos os lugares da cidade, haviam pessoas que não só entregavam papel como também buscavam persuadir os eleitores indecisos, falando sobre os candidatos e planos de governo. E vi bastante sujeirinha com os nomes, números e caras dos candidatos estampada nos muros.

Na tv passava muita propaganda dos candidatos, basicamente todas mantinham o mesmo padrão ou roteiro: candidato - povo - discurso - musiquinha da vitória.  

Outra curiosidade é que não se conhece quem será o candidato a vice-presidente, é apenas após a apuração dos votos e definição dos candidatos que os partidos se reúnem para escolher e anunciar a pessoa que irá juntar-se à campanha eleitoral.

E o resultado dessas eleições foi o seguinte:

Eleições presidenciais no Uruguai

Logo, a próxima eleição presidencial no Uruguai será disputada por Tabaré Vázquez (que já foi presidente anteriormente), Luis Lacalle Pou (filho de um ex presidente), Pedro Bordaberry e Pablo Mieres.

Você deve estar se perguntando cadê o Pepe Mujica nesse baile todo? O queridíssimo Pepe não disputará as eleições, como já tinha comentado no post sobre o Palácio Legislativo, o mandato parlamentar é de 5 anos e não se admite a reeleição imediata para o cargo de presidente da república.

E as pessoas estão arrasadas por perderem o presidente mais admirado dos últimos tempos no mundo? Err... não exatamente! 

No Uruguai o Mujica não é visto como esse herói que o resto do mundo exalta, tem muita gente que questiona duramente as políticas de governo dele, o caráter e humildade é algo obviamente ressaltado pela maioria, não é que as pessoas discutam se ele é honesto ou desonesto, as pessoas discutem as ações de governo que foram equivocadas ou não, e no saldo dos 5 anos a aprovação não beira a unanimidade como é de praxe imaginar quando se vive fora daqui. 

Eu faço parte do time que se sente representado pelo Mujica, não escondo uma ponta de orgulho quando vejo os discursos dele, acho digno, coerente, emocionante e ainda é estranho pensar que logo mais será outro nessa posição. Mas eu ainda não voto e para falar a verdade não estaria preparada para votar agora.

O Uruguai ganhou notoriedade pela coragem de tratar temas difíceis e estabelecer uma política que vai contra a hipocrisia moderna, será no mínimo interessante acompanhar os novos caminhos que serão traçados no país. 

E já foi dada a largada!


Abraço! :)
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Festival do Tannat e Cordeiro no Uruguai

Tradicionalmente no mês de junho acontece o Festival do Tannat e Cordeiro no Uruguai.

É uma oportunidade maravilhosa para apreciar os vinhos do país, nesse caso é um convite para conhecer mais de perto a cepa mais famosa cultivada - e premiada - nessas bandas: a uva tannat. 

A carne de cordeiro não fica atrás no quesito qualidade, a produção uruguaia destaca-se pelo sabor e maciez mundo afora.

Sabem aquela história de 'avião sem asa, fogueira sem brasa e Buchecha sem Claudinho'? Pois é, dava para incluir 'tannat com cordeiro' nessa lista de coisas que se complementam perfeitamente e não fazem sentido separadas rs.

Quem criou o festival foi muito feliz na união desses elementos, é muita harmonia à mesa num ambiente pra lá de especial: difícil resistir aos encantos dos vinhedos no outono, né?

Enoturismo no Uruguai

Festival do Cordeiro e Tannat no Uruguai

Muitas vinícolas participam desse evento que já está na sexta edição e todo ano acho difícil escolher qual visitar, basicamente fico seduzida por todas as propostas.

A programação geralmente acontece às 11h ou 12h, chegamos na vinícola e um pessoal simpático já está a postos para apresentar-nos as instalações, os vinhedos e contar algumas curiosidades sobre os vinhos, é um passeio breve e gostoso, nada maçante com mil explicações técnicas. 

Depois vamos ao salão degustar o menu: entrada, prato principal e sobremesa elaborados tendo em vista a maridagem ideal, em outros termos, a tal da harmonização dos pratos, aquele casamento bonitinho da comida e do vinho, onde o sabor de um realça o outro.  

É uma experiência divertida com os sentidos regada a boa comida, bom vinho, boas companhias e belas paisagens. E se ainda não te convenci a experimentar rs, seguem algumas das propostas delicinhas do festival:

Festival do Tannat e Cordeiro no Uruguai 2014

Festival do Tannat e Cordeiro no Uruguai 2014

Falei que tradicionalmente o evento ocorre em junho, né? Mas esse ano 4 vinícolas (Marichal Wines, Castillo Viejo, Artesana e H.Stagnari) anteciparam a festa e já irão realizar o evento no próximo fim de semana - nos dias 24 e 25 de maio

As demais manterão a data de junho (darei mais detalhes das outras propostas em breve).

Você que está de viagem marcada para maio ou junho - ou você, caro compatriota que vive em terras charrúas também rs - já tem mais uma ótima opção para marcar no roteiro.

Abraço!

Update: as demais bodegas farão o evento no dia 7 de junho

Minha experiência esse ano: amo o universo do vinho e é quase impossível não tirar um saldo positivo desses eventos. 

Nosso passeio teve aquele clima familiar gostoso de sempre, mas a vinícola que escolhemos visitar não tinha um perfil turístico, a sensação era que a coisa toda estava meio improvisada, não houve muita explicação/apresentação sobre os vinhos e achei o preço bem salgadinho pelo serviço em si. Mas valeu pelo cordeiro que estava no ponto, as companhias e a tarde diferente no campo. 

Que venham os próximos festivais! :)

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Clima no Uruguai: O que trazer de roupa na mala?

O clima no Uruguai é um assunto que gera muitas dúvidas na cabeça do viajante, principalmente quando chega a hora de arrumar as malas

Clima mala Uruguai
                                                      
Frequentemente me perguntam coisas sobre o tempo no paisito, se o frio é suficiente para trazer botas e casacos ou se o calor é daquele jeito brasileiro.

As estações são bem definidas por aqui, primavera, verão, outono e inverno costumam ter características próprias. 

No decorrer do ano eu vejo pela janela do quarto as árvores da rua ficarem amarelinhas, depois as folhas vão caindo a cada brisa, aí elas passam um tempo secas e logo florescem cheias de vida. É gostoso acompanhar essas mudanças.

A sensação térmica também vai mudando com o passar dos meses, começamos o ano com peças mini (vestidinhos, shortinhos, blusinhas), tudo leve e fresco para conviver bem com as temperaturas altas.

Em janeiro o negócio é quente mesmo e vivemos Uruguai 40°C (sério, os termômetros marcam facilmente 40°C)

Qualquer oportunidade para estar na praia é aproveitada, todo mundo quer férias no litoral, todo mundo quer torrar no sol, todo mundo quer se divertir. 

Clima Verão no Uruguai
                                                   Oi, verão! ;)

Com o sol se despedindo às 22h é comum as pessoas saírem do trabalho e irem fazer uma graça nas areias ou calçadão às margens do Rio de la Plata. 

Faz muito calor, as vezes irrita ficar "pegoteada", mas é uma época linda de viver, os dias são longos e o céu fica especialmente celeste.

Abril vai se aproximando e vamos tapando mais o corpo: as sandálias vão dando lugar as sapatilhas/tênis/oxford, os shorts às calças, o cardigã passa a estar presente para proteger do vento que eventualmente fica mais fresco e intenso. 

Em junho já estamos totalmente cobertos: botinhas, casacos, blusas de lã. Julho e agosto acho os meses mais frios. É frio de verdade, como o que pensamos para o sul da Europa (aqui sem a neve, obviamente). Nesses meses você pode abusar das botas, sobretudos e cachecóis. 

Mas lembre sempre de usar coisas práticas porque os ambientes fechados geralmente têm calefação, então você sai para jantar toda linda com seu tricot de gola rolê (mais algumas blusinhas por baixo) e acaba passando um sufoco danado para tirar tudo e comer sem suar em bicas. 

                     Inspiração: coleção outono/inverno 2014 da loja uruguaia Lemon

Aí vem setembro e o primeiro raio de sol um pouco mais quentinho já é suficiente para deixar o sobretudo em casa e sair saltitando pela rambla. 

Veja bem, ainda faz friozinho, mas cansamos de toda essa produção (imagina ir na esquina comprar pão e ter que se empacotar toda? Haja paciência!) e forçamos a barra: 18°C já é quase verão rs.

Outubro é tempo de começar a se mostrar, o sobretudo pesado vai para o fundo do armário, restam algumas coisas de lã para o caso do calorzinho do sol teimar em não aquecer.

Em novembro a primavera já está mais estável e é similar ao movimento de abril, aquele combo calça, camisa, cardigã e sapatilha/tênis/oxford.

E dezembro traz o verão de volta: saímos felizes por aí com as perninhas e dedinhos de fora rs! O ciclo começa e termina mais uma vez...

Muita gente vê a temperatura em sites (aqui mesmo no blog dá para acompanhar a temperatura de Montevidéu em tempo real, tem um link na barra lateral) e me pergunta se "isso" é frio ou calor. 

É complicado responder porque depende da realidade de cada um, minha mãe por exemplo, só me visita de janeiro a março rs, depois disso ela acha tudo muito frio. Ela sempre viveu em Salvador e na sua percepção 23°C já é inverno. 

Eu tenho outra percepção, para mim 20°C é uma maravilha, só sinto frio quando baixa de 10°C. 

Você pode ter outra sensação diferente, então não dá para avaliar ou definir como será para todo mundo.

Meus meses preferidos no Uruguai são a metade de outubro e todo o período de novembro, bem como a metade de março e e todo o mês de abril porque não costuma estar nem muito frio nem muito calor, é aquela coisa meia estação, você pode pegar um dia mais com cara de verão, outro com mais pinta de primavera/outono. São os períodos mais difíceis para arrumar a mala, tem que trazer de tudo um pouco.

Para ilustrar, agora estamos em abril e no fim de semana passado o sábado foi um dia ensolarado belíssimo, daqueles que você não tem vontade de sair da rambla, já o domingo foi todo de chuva e vento. 

Segunda-feira e terça-feira ficou nublado, os dias seguintes lindos de sol e o fim de semana nublado novamente. Quem passou a semana aqui teve clima para usar um vestidinho, legging e camiseta, uma calça com blazer, etc. 

Espero ter ajudado um pouco nessa questão "do que levar na mala", na dúvida coloca um pacote extra de bom humor e disposição! ;)

Abraço!


P.S.: mesmo no super verão é importante trazer uma calça e um cardigã na mala, as noites na costa oceânica costumam ser mais frescas, variando de 40° durante o dia a 20° a noite, por exemplo. 

Um lenço ou echarpe também é outra peça para incluir na mala em qualquer época, ajuda muito quando a temperatura não está tão fria, mas o vento insiste em soprar mais forte. Se você não tiver ou esquecer, tranquila, aqui vende em qualquer lugar e é bem baratinho.

P.S.2: esse ano estamos na metade de abril e já está bastante fresco quando amanhece e anoitece, se você é mais sensível ao frio já pode trazer mais roupas abrigadas do que leves porque a tendência é ir esfriando mais com o inverno se aproximando. 

Boa viagem! 
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